Por Ivan Moraes Filho Que essa “crise econômica mundial” é uma coisa muito interessante pouca gente duvida.

Que é bastante emblemático o fato de que, por exemplo, o governo estadosunidense está praticamente nacionalizando boa parte dos bancos gringos quebrados é também inegável.

Eu, ignorante que sou da economia, sou da opinião de que a redução da preocupação com o superávit primário seria uma boa para o Brasil, especificamente.

Também acho que o poder público pode - e deve - investir mais em política sociais e, onde necessário, obras estruturantes.

Isso quer dizer mais escolas, mais equipamentos em sala de aula, melhores atendimentos de saúde, mais prevenção, maiores investimentos em comunicação independente e comunitária, mais crédito (especialmente dos bancos públicos) para a agricultura familiar e para as diversas formas de cooperativismo, por exemplo.

Um outro caminho é investir mais grana (de várias origens) em combustíveis renováveis, formas ecologicamente corretas de energia, métodos e pesquisas de reciclagem.

I Isso só pra citar um par de coisas que poderiam melhorar realmente a qualidade de vida das pessoas e oferecer uma alternativa de desenvolvimento real e potencialmente mais justo.

Sem falar que essas ações gerariam novos empregos, descentralizariam a renda, libertariam o povo e fariam a máquina econômica moer.

Hoje a televisão está dizendo que depois de baixar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, está reduzindo também o dos chamados eletrodomésticos da linha branca (geladeira, fogão, etc).

Mais uma lapada que os municípios (que praticamente vivem do Fundo de Participação dos Municípios, gerado a partir do IR e do IPI) vão sofrer.

Na primeira tacada, o governo tentou (e conseguiu) restaurar um punhado de empregos no ABC paulista, onde está a maioria das montadoras nacionais.

Na segunda, como diz o moço da televisão, fez um “acordo verbal” para manter os empregos da turma que faz eletrodoméstico por três meses.

Não tenho números, mas imagino onde devem estar concentrados esses empregos.

Carro mais barato, fogão mais barato, geladeira mais barata.

Então vamos lá correndo às lojas, fazer crediário e se endividar mais um pouco, não é?

Vamos lá pagar um jurozinho ao banco que ele está precisando.

Dar um gászinho na especulação financeira e, de quebra, botar mais carro na rua e eletrodoméstico velho no lixo.

Quem se importa com o aquecimento global se a Bovespa está em baixa? * Ivan Moraes Filho é jornalista, conselheiro nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos e integra o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social de Pernambuco (CEDES/PE)