Por Augusto Coutinho Causou-me extrema perplexidade a notícia veiculada nos cadernos de Economia dos principais jornais do Estado, com a estarrecedora informação de que a Compesa teve uma redução de 98% em seu lucro no espaço de um ano.

Dos R$ 24,9 milhões de superávit em 2007, a empresa passou para pífios R$ 533 mil em 2008.

Não custa repetir: não foi uma queda simples ou irrisória.

A Compesa simplesmente ficou a 2% de não ter lucro algum!

Vale lembrar que a empresa deu lucro pela primeira vez na sua história na gestão passada, em 2002, e nos anos consecutivos.

A Compesa foi entregue à atual gestão com um superávit, ao fim de 2006, de R$ 24,2 milhões.

Folheando os jornais vemos as justificativas do atual presidente da companhia: uma misteriosa causa trabalhista de R$ 8 milhões cujos beneficiários não são sequer citados, a contratação de mais 900 operadores de sistema, substituição de terceirizados e outras demandas judiciais.

Não cabe aqui analisar as justificativas do presidente do órgão, mas sim levantar uma questão muito mais grave: que espécie de gestão é essa que simplesmente reduz a praticamente zero um lucro de R$ 24,9 milhões?

Em 1999, a Compesa - assim como a quase totalidade do aparato do Estado – encontrava-se em situação de penúria.

As dívidas chegavam a R$ 385 milhões, em valores da época.

Também não custa lembrar que o comando da empresa naquele período era o mesmo que hoje anuncia nos jornais a drástica queda no lucro da Compesa.

Para contextualizar ainda mais a questão, outro dado pertinente: foi durante a mesmíssima gestão que se registrou o maior caos de que se tem notícia no abastecimento da Região Metropolitana.

Naquela época chegamos perto de um colapso na distribuição de água.

Sem contar a precária estrutura física da companhia e o triste exemplo de cidades como Caruaru, que para cada dia com água tinha 29 sem água.

A gestão passada transformou a Compesa numa empresa superavitária.

Apenas nos últimos quatro anos de governo foram investidos R$ 300 milhões e mais de 300 obras de abastecimento foram contempladas dentro do programa Águas de Pernambuco, destacando-se a construção da barragem de Pirapama, na Região Metropolitana, o sistema adutor de Jucazinho, no Agreste, a adutora do Oeste, no Sertão, entre tantas.

Nos oito anos do governo passado foram investidos, só no programa Águas de Pernambuco, R$ 575 milhões.

Além de mais de R$ 228 milhões em saneamento em projetos como Prodetur, Prometrópole e BNDES.

Todo esse volume de recursos e de trabalho tem resultado concreto: 92% da população urbana do Estado com o direito a saneamento e abastecimento de água.

Agora vamos à matemática.

Um governo tira a Compesa do caos e a faz dar lucros.

Aí chega outro governo que, beneficiando-se da confortável situação deixada pelo anterior, mantém o superávit no primeiro ano (24,9 milhões em 2007) para, logo depois, no segundo ano de gestão reduzir tudo isso a meros R$ 533 mil.

Se continuar neste ritmo, o Governo atual vai terminar a gestão entregando novamente a Compesa deficitária e com prejuízos para o Estado e, principalmente, para a população.

O fato de uma empresa pública apresentar lucros não significa que o dinheiro está sendo sonegado à população, muito pelo contrário.

Qualquer pessoa sabe que uma empresa saneada é garantia de uma maior capacidade de investimentos.

E a Compesa, voltando à fase do lucro zero, vai ter drasticamente reduzido seu fôlego para novas obras.

E como fica a promessa da universalização do abastecimento de água?

Já adivinharam quem vai pagar a conta dessa história?

PS: Augusto Coutinho (DEM) é deputado líder da oposição e escreve para o Blog com exclusividade sempre às segundas.