Da Reuters O spread só vai cair quando suas causas forem atacadas: inadimplência elevada, altos impostos e a ausência de um cadastro positivo de clientes, segundo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa. “Tem que trabalhar nas causas”, disse ele a jornalistas neste domingo, após ter participado de debate em seminário com empresários neste domingo.

Ao sair do mesmo evento, o presidente do Banco Central (BC) , Henrique Meirelles, voltou a cobrar redução dos spreads -a diferença entre o preço que os bancos pagam para captar e o que cobram dos clientes nas operações de crédito - embutidos nos financiamentos concedidos pelos bancos. “O spread ainda está muito alto e precisa cair mais”, disse a jornalistas.

Sem fazer referência nominal, Barbosa rebateu o que chamou de acusações sem fundamento de que os bancos estariam evitando conceder empréstimos devido aos efeitos da crise global, preferindo ganhar dinheiro aplicando em títulos públicos.

Segundo ele, os bancos estão pagando o equivalente a 102 por cento do CDI, ou seja, mais do que os 11,25 por cento ao ano atuais da Selic, que é a taxa com a qual o governo remunera a maior parte das aplicações em seus papéis.

Portanto, não faria sentido aplicar num ativo que oferece rentabilidade menor do que a paga pelo dinheiro do que o custo pago para captá-lo. “O Brasil é o único dos países grandes onde as operações de crédito estão crescendo”, argumentou.

Barbosa também mostrou-se cético quanto à possibilidade de o governo baixar agressivamente os spreads do Banco do Brasil, intenção anunciada na semana passada pelo novo presidente da estatal, Aldemir Bendine. “Os spreads vão cair naturalmente.

O que não pode é achar que vai acontecer de forma voluntariosa”, disse.

Para o presidente da Febraban, o mais eficaz para levar as operações de crédito à normalidade são medidas governamentais anti-cíclicas para estimular a economia, como as tomadas recentemente reduzindo a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis e eletrodomésticos.

Segundo Barbosa, os níveis de inadimplência cresceram nos primeiros meses do ano no sistema bancário, mas não a níveis preocupantes, e já há sinais de melhora na economia. “É inegável que em alguns setores os sinais são mais positivos agora, especialmente no automobilístico e no varejo”, concluiu.