Entrevista do site Política Real com o deputado André de Paula (DEM), líder da minoria na Câmara Federal. 1- Como será a liderança da bancada da minoria ?

A Liderança da Minoria cumpre um papel fundamental no legislativo: o de exercer a oposição no contexto de nossa democracia representativa.

A democracia moderna é a democracia de controle exercida pelos representantes eleitos e pela cidadania ativa.

O controle se dá por intermédio dos múltiplos meios de responsabilização e prestação de contas.

A Liderança da Minoria se inclui entre os mecanismos que dão suporte às atividades de vigiar e denunciar aqueles que periodicamente assumem o poder e afetam o destino das pessoas; essa liderança foi criada, justamente, com o objetivo de proporcionar uma armadura institucional ao trabalho oposicionista.

Se pudesse resumir, diria que temos duas grandes atribuições à frente da Minoria: fiscalizar de forma responsável o Poder Executivo, isso inclui, neste momento, dar particular atenção as obras do PAC; e zelar pela observância e respeito permanente ao devido processo legislativo.

Essa é, portando, a nossa missão, que deve - e será exercida - de forma harmônica com os líderes Ronaldo Caiado (DEM), José Aníbal (PSDB) e Fernando Coruja (PPS). 2- Sempre crítico à Dilma Rousseff em entrevista, o senhor encabeça a luta do partido para não eleição de Dilma?

A decisão de cada partido diz respeito somente a ele.

Se o PT lançará, ou não, a Ministra Dilma como candidata - como deixa transparecer- não é assunto da oposição.

Cabe à oposição, como estamos fazendo, denunciar o descumprimento da lei, a antecipação da disputa eleitoral, o uso de programas oficiais e do aparelho do Estado para beneficiar eventuais candidaturas.

Quanto a isso, estaremos atentos e nos valeremos das instituições sólidas de nosso país para garantir a igualdade e a lisura do processo eleitoral. 3- Qual a sua opinião sobre ela, enquanto gestora do PAC?

Na minha opinião, não há como avaliar um programa virtual, midiático e de pouquíssimos resultados.

Acelerar o desenvolvimento é o que o país precisa e o que o povo deseja.

Este é, ou pelo menos deveria ser, o compromisso do PAC, tendo como objetivo realizar investimentos estruturadores.

No entanto, quando se analisa o PAC tudo é grandioso, nebuloso e ineficaz porque mistura o que é estruturador com o que é eleitoreiro.

O PAC Brasil prevê recursos na ordem de 646 bilhões de reais; 90,5% estão fora do Orçamento Geral da União (OGU, 2007-2009) e , portanto, do controle do SIAFI; entre obras pendentes ou não-iniciadas, existem 17,3 bilhões de reais de “restos a pagar” (2007-2008).

O PAC é uma salada: cabe tudo.

Desde a refinaria Abreu e Lima à readequação da via de acesso à Granja do Torto, passando por dotações de Assistência Técnica a Municípios no valor de 20 mil reais.

Em meu Estado, Pernambuco, por exemplo, menos de 3% de tudo que está previsto para quatro anos, 2007-2010, foi executado até agora.

O PAC é uma obra de ficção do Governo Lula que vem gerando grande esperança e que, consequentemente, trará enorme frustração. É impossível avaliar favoravelmente o trabalho de quem é responsável por tocar um projeto que empacou. 4- A nova caravana do DEM finalmente tem qual propósito além de mostrar os problemas do PAC? “A caravana da transparência, fiscalizando o PAC”, iniciada em Pernambuco, no dia 30 de março, pelo Democratas, é uma ação política que faz parte das regras do jogo democrático.

Não torcemos que as obras continuem paralisadas ou que não saiam do papel como estamos verificando “in loco”, ao contrário exercendo a vigilância e o controlando os recursos que pertencem ao povo, cobramos e pressionamos para que as promessas de governo sejam cumpridas em benefício da coletividade.

O que defendemos é que o desenvolvimento econômico seja acelerado para o bem de todos, responsabilizando, com fundamento, dados e números os que transformam a ação de governo em propaganda eleitoral antecipada. 5- Como estão as negociações em torno dos nomes para 2010?

Quem é o quê? 2009 é um ano de enormes desafios para oposição e o governo; um ano que exigirá muito trabalho.

Prefiro deixar 2010 para tratar em 2010.

Como costuma repetir o Senador Marco Maciel “não vamos colocar o depois antes do antes”.

O fundamental, ao meu ver, é perceber que a unidade dos principais partidos de oposição está consolidada; isso quer dizer que estaremos no mesmo palanque e que ofereceremos ao Brasil um projeto alternativo que se contraponha ao atual. 6- Nos últimos dias o DEM tem feito ações de impacto na política com protesto etc.

Isso seria um tipo de marketing da legenda para ficar na mídia, em ano qu antecede as eleições?

Olha, se fizermos um retrospecto vamos observar que o Democratas está onde sempre esteve.

Exerce hoje a oposição com o mesmo entusiasmo e a mesma diligência cívica que exerceu no primeiro Governo Lula.

Não é difícil lembrar algum dos momentos que tivemos no embate permanente.

No Mensalão, no caso do caseiro Francenildo, na derrubada da CPMF; poderia citar uma extensa relação. É importante distinguir o momento atual que estamos vivendo, daquele imediatamente anterior à crise global da economia.

Até então, o Presidente Lula surfava na onda de um crescimento incomum que acometeu o planeta, período em que o sistema financeiro se distanciou da economia real.

Agora, que o débâcle toma de assalto o planeta, inaugurando um ciclo de recessão que põe em cheque as principais economias do mundo, descortina-se um Brasil que é sugado para o olho do furacão da crise mundial.

Ficam expostas, portanto, as deficiências do Governo e a fragilidade de suas decisões.

As pessoas estão mais receptivas a escutar o que já se vem falando a alguns anos: a ineficiência, e incompetência e má qualidade da gestão do Governo Lula. 7-O senhor costuma criticar a ação do governo quanto à crise.

Enquanto gestor o que o senhor faria, que Lula não fez? É preciso dizer que essa é uma crise sem precedentes. É o que dizem os analistas e os fatos falam por si.

Basta ver a tormenta que levou inúmeras empresas americanas à falência; sem falar no desemprego que assola todos os países, desenvolvidos ou não.

Todos estão no mesmo barco.

Cada país estará mais ou menos vulnerável à crise, dependendo da postura que adote em relação a ela.

No caso do Brasil, o grande equívoco do Governo Lula foi no diagnóstico – a famosa marolinha que não chegaria ao país.

Quando se erra no diagnóstico, ou se mata o paciente, ou se amplia o período necessário para recuperação do enfermo.

A crise dar ênfase a necessidade de que um conjunto de práticas em matéria de gestão pública seja abolido, tais como: o aparelhamento do estado – vide os 39 ministérios da esplanada; o amento dos gastos corrente do governo.

Temos um governo perdulário que gasta muito e gasta mal.

O aumento do défcit público no Brasil, neste momento, é algo que preocupa.

Com a crise, a arrecadação diminui naturalmente e o Estado, que deve ser instrumento indutor da economia, fica engessado ante o comprometimento das receitas.

O resultado disso: no o mês de fevereiro de tivemos déficit nas contas públicas brasileiras.

O motivo: a arrecadação caiu, mas os gastos federais continuaram em elevação. 8- O governo do estado também tem sido alvo de críticas do DEM.

Como o senhor avalia a gestão de Eduardo Campos?

O Democratas também faz oposição ao governo estadual, e a nossa visão em relação à administração é crítica.

Ao meu ver, em que pese o governador ter sido beneficiário de um Estado que lhe foi entregue com as contas absolutamente equilibradas, e de desfrutar de um inquestionável prestígio pessoal junto ao presidente da república - aspectos que geram a expectativa de um governo de muitas ações - o fato é que o político Eduardo Campos é maior do que o “Governo Eduardo Campos”, que é um governo tímido, sem brilho, que não tem uma marca própria e que não disse a que veio. 9- O senhor acredita num revival da coligação União por Pernambuco e no potencial de Jarbas Vasconcelos contra Eduardo Campos, considerado segundo melhor governador em recente pesquisa?

Estou convencido de que as forças políticas que integravam a “União por Pernambuco” estarão unidas nas próximas eleições.

Para isso, contribui o palanque nacional e o amadurecimento político dessas forças.

Quanto ao potencial do ex-governador e senador Jarbas Vasconcelos, considero-o inquestionável; é uma força eleitoral que decorre da força moral.

As pesquisas reforçam que está latente nas ruas.

Não se ele será candidato. É um nome natural.

Quando se tem um bom candidato, não se escolhe adversário. 10- Quais são seus principais trabalhos na Câmara e como o senhor encara a reeleição a deputado?

Em 2009 darei especial atenção aos trabalhos da Liderança da Minoria, tarefa que me incumbiu a bancada do meu partido, o Democratas.

Isso não me afasta dos debates e assuntos que consultam os interesses de Pernambuco, nem das matérias que mais interessam a sociedade brasileira; ao contrário, oferece-me a oportunidade de dar ênfase aos aspectos mais relevantes de cada tema.

Continuarei, ainda, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, onde estive no último ano como presidente.

Quanto à reeleição, encaro como decorrência do trabalho e dos mais de 20 anos dedicados à vida pública.

Espero merecer, mais uma vez, a confiança do povo de Pernambuco.