De Política / JC “Todos vocês aqui presentes poderiam dar um testemunho de que Carlos Wilson construiu laços de amizade.” A frase foi do frei Jociel João Gomes da Silva, dirigindo-se a centenas de pessoas que compareceram, ontem à noite, à Basílica de Nossa Senhora do Carmo, no Centro do Recife.
A vocação para agregar – um dos principais traços da personalidade de Carlos Wilson, Cali, como era mais conhecido – foi destacada pelo religioso durante toda a missa de sétimo dia do ex-governador e deputado federal, falecido no último dia 11.
Os 500 lugares da basílica não foram suficientes para receber os familiares e amigos de Wilson.
Dezenas de pessoas tiveram que assistir à celebração religiosa em pé.
Ao final, os dois livros colocados logo na entrada continham 630 assinaturas.
A missa, marcada pela forte emoção, uniu políticos de partidos diversos – como o governador Eduardo Campos (PSB) e o senador Marco Maciel (DEM) – a anônimos que admiravam o ex-governador, como a dona de casa Maria José, 53 anos, uma das mais emocionadas.
Moradora do Bairro do Totó, Maria José é sogra do enfermeiro Gisélio Rocha, “que tomou conta do ex-governador”, como fez questão de dizer, durante tratamento contra o câncer.
A doença foi diagnosticada há cinco anos.
No último sábado, um mês após completar 59 anos, o ex-governador faleceu. “Ele me ajudou muito quando era deputado”, lembrou Maria José.
Amigo de Cali há mais de 30 anos, o empresário João Carlos Paes Mendonça destacou a disposição do ex-governador para a conciliação. “A força que ele tinha de agrupar as pessoas ao seu redor era muito grande.
Era um homem sempre pronto para o diálogo”, disse.
Toda a família de Wilson assistiu à celebração acomodada nas primeiras filas.
Bastante emocionado, o deputado estadual André Campos leu um texto em homenagem ao irmão.
Após a comunhão, a viúva do ex-governador Miguel Arraes, dona Madalena Arraes, fez questão de prestar solidariedade à família.
Carlos Wilson foi eleito vice-governador na chapa encabeçada por Arraes, em 1986.
Quatro anos depois, administrou o Estado durante 11 meses e 15 dias de governo.
Cali deu seguimento aos principais programas do antecessor, mas imprimiu sua marca própria: a conciliação.
Pela primeira vez, desde o fim do regime militar, o PCB e o PCdoB tiveram participação efetiva na gestão.
Neto de Arraes, o governador Eduardo Campos foi à missa acompanhado da esposa, Renata Campos.
Ao final, lamentou a morte de Carlos Wilson. “Cali vai fazer muita falta.
Não só como um grande amigo, mas também como um político articulador, um aparador de arestas, que sempre colocou o bem do povo de Pernambuco como objetivo final do seu trabalho.
Pernambuco perde um líder”, disse.