O relacionamento entre as prefeituras do Recife e de Jaboatão, que já estava em um nível difícil de administrar por conta do lixo, azedou de vez na audiência pública da comissão de cidadania e direitos humanos da Alepe onde o assunto foi discutido.
Estava tudo indo bem, a deputada Terezinha Nunes controlando os excessos na qualidade de presidente da mesa, quando o deputado Isaltino Nascimento insinuou que interesses privados estavam permeando o comportamento da Prefeitura de Jaboatão, que se nega a dar autorização para que Recife construa um novo aterro.
Como o prefeito Elias Gomes havia dito no início do seu pronunciamento, com Isaltino ausente, que Jaboatão defende que todo o processo seja público, inclusive se comprometendo, se for o caso, a desapropriar o aterro privado instalado na gestão anterior, a temperatura foi ao extremo.
Inicialmente, o deputado Pedro Eurico cobrou da Prefeitura do Recife a questão da Qualix, a empresa que recolhe o lixo da capital e foi flagrada pintando e limpando o comitê de João da Costa.
Depois o vereador Daniel Coelho foi para a tribuna dizer que quem tinha interesse em privatizar o lixo era a Prefeitura do Recife, que na gestão passada assinou contrato com o consórcio Recife Energia para tratamento do lixo da capital e que quem foi para a Câmara defender o assunto foi o ex-presidente da Emlurb na gestão de João Paulo, Roberto Gusmão, que hoje, coincidentemente, apresenta-se como representante do consórcio.
Mas o happening do assunto ainda estava por vir.
O prefeito Elias Gomes pediu a palavra para dizer que estava tranquilo em relação ao assunto porque iniciara seu pronunciamento dizendo que Jaboatão poderia desapropriar o aterro privado do município. “Eu acho que o deputado Isaltino fez as insinuações porque não estava aqui quando eu falei.”, tentou amenizar.
Para surpresa de todos Isaltino não dexou por menos. “Eu não estava aqui, mas ouví tudo do meu gabinete”.
Elias então retrucou. “Retiro o que disse para amenizar o comportamento de Vossa Excelência que foi, pelo que vemos, irresponsável e leviano”.
A deputada Terezinha Nunes encerrou a reunião para evitar um problema maior.
O deputado Isaltino foi à tribuna rebater Elias.
Mas aí todos se mobilizaram para colocar panos mornos e arrancar um compromisso do estado em intermediar a questão.
Elias anunciou na audiência que, em julho, o Recife está proibido de colocar lixo na Muribeca se não houver um entendimento sobre o caso.
Deixou claro, porém, que Jaboatão não vai deixar a capital sem saída: restará o aterro privado que, se Recife quiser, pode ser desapropriado e ele sim virar o aterro novo e não um outro que a prefeitura da capital deseja construir.