No jornal O Globo A suspeita de que a farra das passagens não tenha beneficiado só parentes, amigos e artistas ligados a deputados cresceu.

Ao comparar registros de voos pagos pela Câmara com as requisições oficiais, os procuradores identificaram um grande número de passageiros que voaram à custa da Casa sem ter relação aparente com parlamentares.

Para a procuradora Ana Carolina Resende, que atua no Distrito Federal, boa parte das pessoas pode ter comprado as passagens sem saber que haviam sido bancadas pelo Congresso.

Até agora, a Procuradoria da República do DF já conseguiu identificar pelo menos um caso do suposto contrabando de passagens, envolvendo dois ex-deputados por Mato Grosso, dois assessores parlamentares e um agente de viagens de Brasília.

Os ex-parlamentares sob suspeita são Lino Rossi (PP-MT), apontado pela Polícia Federal como articulador da máfia dos sanguessugas, e sua suplente, a também ex-deputada Thais Barbosa (PMDB-MT).

Em meio à onda de denúncias sobre a má utilização das passagens aéreas, a Câmara e o Senado anunciaram nesta quinta-feira medidas que restringem o benefício, mas deixa brechas.

Enquanto os deputados terão corte de 20% no valor mensal para a emissão de bilhetes, a redução na cota dos senadores será de até 25% do gasto mensal, que deve cair dos atuais R$ 1, 3 milhão para R$ 975 mil. ( Você considera as medidas adotadas pelo Congresso suficientes? ) A Mesa do Senado decidiu acabar com os bilhetes aéreos que davam direito ao parlamentar deslocar de Brasília para o Rio de Janeiro, antiga capital do país.

Agora, fica restrita a utilização de cinco passagens por mês para deslocamento aos estados.

Foram também cortadas as passagens extras concedidas aos membros da Mesa Diretora e líderes partidários.

A brecha continua para que os senadores possam ceder passagem para terceiros, cônjuges, filhos e assessores indicados.

Além disso, os congressistas continuam podendo utilizar a cota para viagem ao exterior.

O fretamento de aeronaves, inclusive barcos, está liberado dentro do estado do parlamentar. ( Blog Diário de uma repórter: Senado fracassa na tentativa de moralizar uso de cota de passagens ) Segundo o 1º secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), serão publicadas na internet as informações sobre a utilização da cota de cada senador. ( Áudio: Heráclito nega farra nos gastos com passagens aéreas ) Câmara restringe passagens à atividade parlamentar Já na Câmara, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), informou que entre as medidas moralizadoras está um corte de 20% no valor atual da cota de passagens.

O colegiado também restringiu o uso do crédito aos parlamentares, seus cônjuges e dependentes legais.

Até agora, cada deputado tinha direito a um crédito mensal que variava de R$ 4.253,91 a R$ 16.938,44, dependendo da distância entre seu estado de origem e Brasília.

A utilização das passagens deve ser restrita ao exercício do mandato.

Os deputados não detalharam, no entanto, o que será considerado “atividade parlamentar”.

Não há restrição a viagem ao exterior e os parlamentares podem continuar acumulando crédito das passagens não utilizadas.

Deputado que deu passagens para Galisteu manda explicações à Câmara A Secretária-Geral da Câmara recebeu nesta quinta-feira carta do deputado Fábio Faria (PMN-RN) com explicações sobre o uso da cota de passagem aérea da Câmara.

Faria usou a cota pessoal, entre 2007 e 2008, para pagar passagens para a ex-namorada Adriane Galisteu, sua mãe, Emma, e amigos da apresentadora, inclusive para os Estados Unidos.

Mais grave, no entanto, foi o fato de pagar passagens para três artistas que participaram do camarote Athlética, de sua propriedade, no Carnatal, carnaval fora de época realizado em Natal.