O banqueiro Daniel Dantas afirmou nesta quinta-feira, à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, que as seguidas investigações sobre suas atividades e acusações contra ele se devem a disputas empresariais em que esteve envolvido nos últimos anos, entre elas privatizações e a venda da Brasil Telecom para a formação da BrOi, conhecida como Supertele.

Protegido por habeas corpus e sem prestar compromisso de falar a verdade, o empresário respondeu a todas as perguntas e negou todas as acusações.

Porém, ele foi duramente criticado por parlamentares que o acusaram de tentar desmoralizar a Polícia Federal.

Dantas afirmou que a PF foi usada para prejudicá-lo.

Ele disse haver informações publicadas na imprensa italiana de que a Operação Chacal, na qual foi acusado de violação de sigilo, formação de quadrilha e receptação, teria sido feita por encomenda da Telecom Itália, gigante do setor com quem o empresário disputava o controle da Brasil Telecom.

A operação foi feita para investigar a denúncia de que a empresa Kroll teria sido contratada por Dantas para investigar a Telecom Itália.

Proteção O empresário respondeu ao presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que nunca contratou a Kroll.

Ele disse que a Brasil Telecom contratou a empresa para protegê-la de escutas, mas sem resultado, pois informações estratégicas vazaram durante a compra da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) - pela qual teve, afirmou, de pagar um preço majorado.

Um segundo contrato teria sido feito com a Kroll de Londres para recolher provas que pudessem embasar uma ação indenizatória da Brasil Telecom contra a empresa italiana em virtude do preço da CRT.

O empresário disse não ter tomado conhecimento do resultado dessa operação; mas, segundo ele, a empresa apresentou relatórios e documentos garantindo que ele não promoveu escutas ou qualquer outro tipo de atividade ilícita.

O empresário apresentou documentos sobre uma ação da procuradoria de Milão, na Itália, na qual a Telecom Itália é considerada culpada de escutas ilegais.

De acordo com ele, teria sido apurado que a empresa contratou policiais federais para investigar a BrTelecom no Brasil.

Ele disse que os documentos foram enviados pela procuradoria, que o comunicou sobre a possibilidade de pedir ressarcimento pelos prejuízos causados pela empresa italiana.

Delegado Questionado pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE) sobre tentativas de entrar em contato com o delegado da PF Protógenes Queiroz, antes da Operação Satiagraha, o banqueiro afirmou que havia pedido a seu advogado para procurar o então diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, para explicar que não havia sido ele o responsável pelos dossiês sobre contas de autoridades brasileiras no exterior publicados pela Veja.

De acordo com Dantas, como o delegado Lacerda não havia sido convencido e estava bastante irritado com o episódio, Queiroz foi procurado por ser visto como alguém próximo a Lacerda.

Esse episódio é um dos que poderiam ter colaborado para a realização da Satiagraha, segundo Daniel Dantas.