Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com O deputado José Mendonça (DEM) é um político realmente surpreendente.
De perfil conservador e temperamento considerado difícil até pelos amigos, ele, no entanto, é responsável pela maior “revolução” na política estadual nos últimos vinte anos, quando propôs a aliança entre PFL e PMDB, arqui-inimigos desde o período do regime militar.
Por essa idéia, Mendonção – como é chamado – foi criticado, na época, dentro do seu próprio partido.
Até que seus aliados enxergassem mais longe, mirando o horizonte político que ele havia antecipado.
Depois de eleger Mendonça Filho (DEM) vice-governador na chapa do peemedebista Jarbas Vasconcelos, o parlamentar de Belo Jardim passou a atuar com mais discrição.
Dizia aos jornalistas que o procuravam que estava “lambendo a cria” e que o novo líder do seu grupo político era Mendoncinha.
Foi mais além no ano passado.
Anunciou sua aposentadoria das atividades parlamentares a partir de 2010, deixando o seu legado de votos na Câmara para o filho ex-governador e o genro, Augusto Coutinho, atual deputado estadual.
Ambos vão disputar mandatos federais no próximo ano.
Agora, porém, diante da situação difícil que vive a oposição no Estado – com o governo Eduardo Campos (PSB) bem aprovado nas pesquisas, apoiado pelo governo Lula e dominando a ampla maioria dos prefeitos – coube a José Mendonça tomar, novamente, as rédeas da situação.
Ele arrancou, praticamente do nada, a idéia da candidatura do empresário Marcos Magalhães, ex-presidente da Phillips na América Latina e do conselho pró-educação.
Um nome “acima de qualquer suspeitas”, de trajetória empresarial louvável e com visível atuação na área social.
Mas é preciso enxergar essa tese de Mendonção com os mesmos olhos daquela que ele sugeriu no longínquo dezembro de 1993, ao criar a aliança PMDB/PFL.
A candidatura de Magalhães é apenas um símbolo.
O que o deputado quer dizer, ao lançar a proposta, é que é preciso renovar nomes, idéias, conceitos políticos.
Da forma como está hoje, presa aos mesmos moldes e protagonistas de sempre, a oposição fica sujeita a levar uma goleada de um governo que está se mexendo, e muito.
Independente do fato de o senador Jarbas Vasconcelos ser o nome que poderia “salvar a pátria” – caso aceitasse ser novamente candidato a governador – Mendonção quis alertar para a necessidade de se fortalecer a frente adversária de Eduardo Campos.
Aglutinar novamente a antiga União por Pernambuco (PMDB/DEM/PSDB/PPS), mas buscando uma renovação de teses, discursos e pessoas.
Para não soar, em 2010, como filme repetido.