Por Augusto Coutinho Pernambuco é candidato e deve sediar partidas da Copa do Mundo de Futebol de 2014.
A decisão da Fifa sobre as cidades escolhidas vai ser divulgada até o fim de maio.
Como todos sabem, para sediar jogos do mundial, as cidades precisam construir uma infraestrutura que segue padrões rígidos definidos pela entidade máxima do futebol.
Estádios, segurança, rede hoteleira, saúde, transporte.
Sediar jogos de Copa do Mundo significa investir, e muito, em tudo isso.
O governo de Pernambuco apresentou à Fifa um projeto para a construção da Arena Multiuso, em São Lourenço da Mata.
O custo total dele ficou em torno de R$ 1,6 bilhão, através de PPPs, parcerias público-privadas.
Além da construção do estádio (R$ 500 milhões), a proposta prevê a estruturação de um novo bairro com a construção de 9.000 casas (R$ 750 milhões) e também a implantação de hotéis, centro comercial e um hospital (R$ 220 milhões).
O problema é que, em um momento de crise como o atual, em que a marolinha de Lula arrebentou com força nas praias daqui, é muito dinheiro para um projeto que pode se tornar inviável.
A proposta, a meu ver, é megalomaníaca e, para ficar no futebol, pode ser um pênalti desperdiçado aos 45 minutos do segundo tempo.
A situação para o governo piora quando se acrescenta que o estado dispõe de um outro projeto que custa oito vezes menos.
E o pior, ou melhor, não custaria nenhum centavo do poder público. É a adequação da infra-estrutura do maior estádio do Nordeste, o Arruda.
O projeto, conhecido como Arena Coral, é autofinanciável, pago 100% pela iniciativa privada (já existem as empresas que se dispõem a bancar o projeto), prevê a reestruturação do estádio do Arruda e de seu entorno, qualificando-o rigorosamente dentro dos padrões da Fifa.
O custo nominal dele gira em torno de R$ 250 milhões.
Para se ter idéia do projeto, alguns números: 68.500 expectadores (quase 50% maior que a Arena Multiuso), 90.000 expectadores em shows, tribuna de honra com 350 lugares, 160 camarotes, 2 telões panorâmicos, 15 acessos para o público, 3 restaurantes panorâmicos, 4 vestiários, 2.000 vagas de veículos, 1 heliporto.
O governo descartou a Arena Coral alegando não querer investir em campo privado.
Mas não iria investir nenhum centavo.
Ao contrário do que vai fazer, não se sabe como, com a Arena Multiuso, já que ela, mesmo financiada através de PPP, vai precisar do aporte de muito dinheiro público.
Isso sem contar que a cidade da copa pode virar uma cidade fantasma criada pela megalomania e pela falta de visão a longo prazo do governo.
Só serão três jogos em Pernambuco.
Para quê gastar tanto se existe uma outra proposta plenamente viável, muito mais barata, que pode ser reavaliada?
Por que não a reforma do Arruda, governador?
Que os governistas não venham com o discurso pequeno de que estamos torcendo contra Pernambuco.
Muito pelo contrário.
Estamos preocupados que o estado deixe de receber a Copa porque pode não ter condições de viabilizar um projeto tão arriscado.
Se a copa for nossa, precisamos ter mais que intenções.
A Arena Coral já tem até empresas que a viabilizarão. É muito mais real que o sonho de grandeza do Executivo pernambucano.
Esse é um jogo que deve jogado desde já.
PS: Augusto Coutinho (DEM) é deputado líder da oposição e escreve para o Blog de Jamildo às segundas.