Da Reuters O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticou nesta segunda-feira o comportamento “midiático” da Polícia Federal e acusou a instituição de promover inquéritos precários que prejudicam o trabalho do Judiciário.

A declaração foi uma resposta às críticas do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa, à morosidade do Judiciário na conclusão de alguns casos.

Segundo ele, a demora na conclusão de casos de notoriedade poderia causar na sociedade uma sensação de impunidade.

Gilmar Mendes rebateu e apontou o que chamou de investigações precárias e divulgações precipitadas por parte da Polícia Federal como responsável pelo retardamento do julgamento de alguns processos. “Temos que fazer a avaliação de cada um dos casos.

Se o Judiciário é lento na sua avaliação, talvez não devesse haver precipitação no anúncio das decisões dos levantamentos precários do inquérito”, disse Mendes a jornalistas no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. “Essa é a questão básica e talvez devesse haver um trabalho mais cuidadoso.

Talvez a polícia devesse ter mais modéstia, cuidado, humildade quando anunciasse as suas conclusões.

Talvez até não devesse fazer divulgações e entregar o inquérito ao Tribunal”, acrescentou Mendes afirmou que o Judiciário não foi criado para condenar pessoas. “O Judiciário não existe para condenar. É bom que todos saibam disso.

Isso existia no regime soviético, no nazista, no cubano.

O Judiciário existe para julgar… quanto mais a polícia apurar, for menos precipitada, mais vai se aproximar do juízo que se forma a partir do contraditório e da ampla defesa”, frisou ele.

O STF e a PF estão em rota de colisão desde o ano passado, após a operação Satiaghara, na qual a PF chegou a prender por duas vezes o banqueiro Daniel Dantas.

Mendes concedeu dois habeas corpus a Dantas e ainda proibiu que o banqueiro fosse algemado publicamente.