Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de inauguração da usina de biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros-MG, neste 6 de abril de 2009.

Ora, nós estamos ouvindo falar em crise internacional.

Uma crise profunda, que vocês vêem na televisão todo santo dia.

Aqui no Brasil nós sabemos que a crise chegou, mas nós sabemos também que o Brasil é um país que recebeu a crise seis meses antes de ela ter chegado em outros lugares, e ela vai acabar antes de acabar nos outros lugares.

Por quê?

Porque a gente poderia, em função da crise, dizer para a Petrobras: “não termine essa usina, não.

Já começou a fazer, deixe aí, tire uma fotografia, que já dá até para utilizar em uma campanha.

Não termine não, afinal de contas nós estamos em crise.” Ou: não vamos fazer as estradas porque nós estamos em crise; ou: não vamos fazer as casas.

Ora, a primeira coisa que nós temos que ter claro é que aqui no Brasil nós temos que torcer, torcer como nunca, pedir a Deus para que essa crise desapareça na Europa, desapareça nos Estados Unidos, desapareça no Japão, porque esses países, como são os mais ricos do mundo, eles precisam vender e comprar.

E eles não estão comprando.

Se eles não estão comprando, vai dificultar para os países em desenvolvimento vender para eles.

Aí, nós teremos mais problemas aqui dentro. É por isso que essa é uma crise que exige que a gente faça mais investimentos, que a gente gaste mais dinheiro em coisas que gerem empregos.

Vocês viram que na semana passada nós anunciamos o lançamento de um programa de 1 milhão de casas populares.

Nós vamos anunciar mais coisas para enfrentar a crise, porque nessa crise a gente não pode ficar parado.

Vocês estão lembrados de que no dia 22 de dezembro eu entrei em rede nacional para dizer ao povo que era preciso não ter medo de comprar.

A gente estava vivendo que situação?

Mesmo que a pessoa tivesse um pouquinho de dinheiro, essa pessoa ficava com medo de comprar por causa do noticiário, essa pessoa ficava com medo de perder o emprego, e aí deixava de comprar.

Deixando de comprar, a loja não vendia; a loja não vendendo, não pedia para a fábrica; a fábrica não tendo pedidos, não produzia.

Se a fábrica não produz, se a loja não vende e se a gente não compra, aí sim, é que vai acontecer o desemprego, que tanto medo coloca nas pessoas deste país.

A economia é como se fosse uma roda-gigante, ela não pode parar de girar, ela tem que girar para que a gente possa fazer as coisas acontecerem neste país.