No Jornal do Commercio deste sábado O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, virou alvo da malhação do Judas promovida pelo Movimento Gay Leões do Norte, ontem à noite.

Militantes e jovens reunidos na Rua do Giriquiti, na Boa Vista, Centro do Recife, retalharam e atearam fogo num boneco que, segundo eles, simbolizava o religioso.

O grupo ressaltou que o ato não incitou a violência, e sim representou o desprezo às afirmações do arcebispo contra o aborto realizado há um mês em menina de 9 anos, estuprada pelo padrasto no interior do Estado, caso que se tornou polêmica mundial. Às 19h30, os manifestantes postaram o boneco na rua e iniciaram o ritual, que remonta a tradição da Quaresma.

Ao microfone, o presidente da ONG Leões do Norte, Wellington Medeiros, criticava o que chamou de “interferência do arcebispo em questões de Estado”.

Referia-se ao fato de o religioso ter tentado impedir o aborto – garantido por lei, pois a criança fora estuprada e corria risco de morrer – e excomungado os envolvidos no procedimento. “Dom José representa perigo para a sociedade.

Foi imprudente porque colocou a vida de uma menina de 9 anos em risco.

Para ele, o estupro não tem importância”, censurou, acrescentando que a partir de agora a ONG “malhará” autoridades que ferirem os direitos do cidadão.

Integrantes do movimento pediram tolerância. “Somos filhos de Deus, nós que somos gays, lésbicas ou travestis.

A sociedade precisa nos respeitar”, bradou Adriano Chaves, do Grupo Homossexual de Paulista.

Jovens apoiaram a iniciativa. “Precisamos de atos assim, ainda há muito preconceito”, disse o cabeleireiro Robson Lucena, 22. “A atitude do arcebispo foi inaceitável”, opinou a estudante Bruna Alves, 18.

A Arquidiocese de Olinda e Recife informou que dom José Cardoso não se pronunciaria sobre o protesto.

Terezinha diz que gays foram imprudentes ao malhar boneco de dom José