Os reflexos no Brasil da crise financeira internacional causaram, no primeiro trimestre deste ano, a segunda queda consecutiva na confiança do consumidor brasileiro, de acordo com a pesquisa Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), divulgada nesta quinta-feira (02/04) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Com essa retração, a confiança do consumidor recuou para o patamar de setembro de 2005.
O INEC, composto pelas expectativas dos consumidores quanto à inflação, desemprego, renda, situação financeira, endividamento e compras de bens de maior valor, caiu de 109,8 pontos no quarto trimestre de 2008 para 106,3 pontos (uma queda de 3,2%).
Na comparação com o mesmo período do ano passado (111,5 pontos), o INEC recuou 4,7%.
O pico da série histórica foi no terceiro trimestre do ano passado, quando ficara em 115,6 pontos.
De lá para cá, a queda acumulada do índice é de 8,1%. “A queda no INEC pelo segundo trimestre consecutivo mostrou que o consumidor brasileiro ajustou suas expectativas em linha com o agravamento do quadro de crise da economia mundial e seus impactos no Brasil. É um reconhecimento que as dificuldades atingiram a nossa economia”, avaliou o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
O índice de expectativas de inflação registrou um aumento de 1,4%, o que denota um aumento no otimismo. “Na comparação com dezembro, há melhora apenas nas expectativas em relação à inflação, o que corrobora o ambiente de retração da atividade”, explicou Castelo Branco.
Em relação às expectativas de desemprego, os consumidores mostraram-se ainda mais pessimistas do que em dezembro: o índice registrou queda de 4,2%, de 105,6 pontos para 101,2 pontos.
Na comparação com março do ano passado (126,2 pontos), a queda é de 19,8%.
O índice de expectativa do desemprego é o menor desde novembro de 2001.
O resultado é explicado pela forte queda na atividade econômica e os recorrentes anúncios de demissões.
O índice de expectativa com relação à própria renda mostrou recuo de 1,3%, o segundo consecutivo.
A despeito do novo recuo, contudo, o índice permanece bem acima de sua média histórica.
Mesmo com o aumento da desconfiança acerca da economia brasileira, os consumidores continuam a exibir certo otimismo no tocante a sua renda.
A situação financeira dos consumidores voltou a piorar.
O índice de evolução da situação financeira recuou 3,9% na comparação com dezembro de 2008.
Já o índice de endividamento recuou 2,7% na comparação com dezembro, o que denota aumento no endividamento dos consumidores.
Com a nova queda, o índice passou a registrar valor inferior a sua média histórica.
Refletindo o aumento no pessimismo e no endividamento dos consumidores, além da piora na situação financeira destes, o índice que reflete as perspectivas de compras de maior valor no trimestre registrou queda significativa, de 6%, na comparação com dezembro de 2008.