Líderes do DEM nacional iniciam hoje a primeira “Caravana da Transparência”, para fiscalizar a execução de obras listadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e apontar atrasos nos cronogramas definidos pelo governo federal.
A oposição dá a largada por Pernambuco, terra natal do presidente Lula.
O segundo Estado a ser visitado será Santa Catarina, ainda sem data marcada.
O DEM mantém sob sigilo o roteiro traçado para hoje, mas o objetivo é claro: elevar as críticas ao Palácio do Planalto, especialmente à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a “mãe do PAC” e pré-candidata do presidente Lula para 2010.
Na avaliação do DEM, muito dos êxitos que o governo Lula atribui ao programa não passa de marketing.
Para tentar convencer de que há falhas, os parlamentares que formam a caravana vão alegar que não são contra as obras do PAC, mas estão cumprindo com a função de fiscalizar.
O discurso é o da crítica, buscando amparo em números, como os que já foram usados pelo líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).
Segundo ele, dos 77 projetos com dotações orçamentárias no Estado, 49 não tiveram qualquer recurso destinado.
O líder da minoria na Câmara, André de Paula, admite a dificuldade da oposição de obter informações detalhadas sobre as obras do PAC.
Mas promete a divulgação de um material com números extraídos do Orçamento Geral da União (OGU) sobre os investimentos. “Não somos contra o PAC.
Queremos ajudar o presidente a inaugurar alguma obra realmente concluída”, ironizou.
Apesar da tática de só revelar as obras que serão vistoriadas hoje, ele afirma que a oposição definiu apenas as que são “estruturadoras”. “No PAC cabe tudo, até lombada eletrônica.
Mas vamos fiscalizar as que possuem relevância para o Estado”.
Para a empreitada, o DEM mobilizou sua tropa de choque.
Estarão presentes o presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), o corregedor da Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), Caiado, além dos três deputados federais por Pernambuco – André, José Mendonça e Roberto Magalhães.
Na última sexta, deputados que apóiam o governador Eduardo Campos (PSB) realizaram visitas a três obras inclusas no PAC – adutora de Pirapama, duplicação da BR-101 e Estaleiro Atlântico Sul.
Ao se antecipar à caravana do DEM, eles tentaram reduzir um possível impacto negativo das críticas.
Mas, para André de Paula, a tática governista não diminui ou vai ofuscar a vistoria de hoje. “O primeiro saldo positivo da nossa ação foi justamente tirar os deputados da Assembleia e fazer eles irem às obras”, ironizou.
Lançado no segundo mandato do governo Lula, o PAC pontua os discursos do presidente e da ministra Dilma.
Com a concepção de unir projetos públicos já existentes ou em elaboração com iniciativas privadas, o programa combinou também algumas medidas institucionais.
Mas, apesar do alarde feito pelo governo, o PAC ainda não atingiu seu objetivo: acelerar o crescimento sustentável do Brasil.
Segundo levantamento do governo estadual, com R$ 31,4 bilhões previstos em Pernambuco, o programa tem apenas 99,94% das obras incompletas.