Do Valor Online As operações com derivativos cambiais levaram a Sadia a um prejuízo de R$ 2,484 bilhões em 2008, o maior de sua história de 64 anos.
Balanço divulgado há pouco apontou que a companhia perdeu nada menos que R$ 2,55 bilhões com os instrumentos que ficaram conhecidos como “derivativos tóxicos”.
Também por apostar excessivamente neste instrumento, a fabricante de celulose Aracruz anunciou hoje um prejuízo de R$ 4,2 bilhões no ano passado.
O aporte neste tipo de derivativo cambial tem o objetivo de proteger as exportações das companhias contra desvalorização excessiva do dólar.
Ocorre que tanto Sadia quanto Aracruz compraram um volume de derivativos bem superior às suas necessidades operacionais, já que o instrumento vinha gerando ganhos financeiros em um cenário de dólar baixo.
Quando a crise explodiu, no entanto, a moeda americana disparou e as duas empresas se viram diante de um gigantesco rombo financeiro.
Em seu balanço, a Sadia informou que o agravamento da crise também gerou estragos no desempenho operacional.
Apesar de a receita bruta ter crescido 18% sobre o mesmo período do ano anterior, para R$ 3,519 bilhões, a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) caiu 21,7%, para R$ 343 milhões.
O prejuízo apenas entre outubro e dezembro foi de R$ 2,042 bilhões.
Resultante das operações com derivativos tóxicos e dos empréstimos tomados para cobrir as perdas, a dívida bruta de curto prazo da Sadia chegou a R$ 4,164 bilhões em 31 de dezembro de 2008.
A dívida total somava R$ 8,549 bilhões.
Os principais executivos da companhia estão falando à imprensa neste momento para comentar o resultado anual.
A grande expectativa, no entanto, recai sobre a estratégia da empresa para recuperar a saúde financeira.
Entre as possibilidades mais consideradas pelo mercado estão a venda de alguns ativos ou a união com a rival Perdigão.