Por Terezinha Nunes, deputada estadual do PSDB Um debate, em grande parte carregado de interesses político-eleitorais, vem sendo travado em Pernambuco a respeito da conta de luz.

Partindo do pressuposto de que a Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel - controlada pelo governo federal, está para decidir, em reunião em Brasília, sobre um novo reajuste no preço da energia paga pelos consumidores estaduais e, querendo tirar do presidente Lula a responsabilidade por isso, muita gente vem apregoando que existe uma única culpada por a conta de energia estar alta: a Celpe.

Todo mundo sabe que a Celpe vem sendo acusada, em grande parte de forma apropriada, de atender mal os consumidores.

Também é verdade que a empresa tem solicitado à Aneel reajustes acima do que o consumidor pode pagar.

O que pouca gente sabe, porém, é que a Celpe, como empresa, tem direito a pedir ao governo o reajuste que quiser mas quem vai definir afinal qual vai ser o aumento é a Aneel e não a Celpe.

A bola, portanto, não está na mão da Celpe e sim da Aneel, cuja presidência atualmente está ocupada pelo senhor Nelson Rubner, homem de confiança da ministra Dilma.

Outra coisa que esse debate está escondendo, pelo menos até o momento, é que não é só a Celpe a culpada pelo aumento do preço da energia.

Talvez a empresa seja, na verdade, a menos culpada.

E por quê?

Porque a Celpe é quem se beneficia menos com o aumento do preço da conta de luz.

Na verdade, ela fica com somente 25% do que os consumidores pagam, mensalmente, pelo uso da energia elétrica.

Nada menos do que 75% destinam-se ao setor elétrico em geral - para manter a geração de energia - e aos impostos embutidos na conta.

Uma parte desses impostos engorda o cofre do governo federal e outra bem grande engorda o cofre do governo estadual.

Entre os anos de 2007 e 2008, nada menos que R$ 1,5 bilhão de ICMS - um imposto estadual - foram recolhidos através da conta de luz.

Para se ter uma ideia da proporção disso, o governo do estado recebe 25% do que o consumidor paga de energia.

O mesmo percentual da Celpe, portanto.

Isso demonstra uma verdade cristalina que, os que se preocupam apenas com o debate eleitoral, querem esconder: não é só a Celpe que é culpada pelo aumento da conta de luz.

Muito mais do que ela são culpados os governos federal e estadual, sócios da sanha arrecadadora que tomou conta do nosso país onde o mesmo governo que aumenta as tarifas o faz sabendo que, quanto mais aumento, mais dinheiro terá em caixa.

Portanto, ao invés de fazer da Celpe uma “Geny”, como está ocorrendo, os dois níveis de governo deveriam ser chamados a também prestar contas à população.

Também precisam responder pelo fato de que 60% do capital da Celpe pertence a órgãos controlados pelo PT e pelo presidente, como a Previ e o Banco do Brasil Investimentos.

Se o grupo privado tem somente 40% do capital será que ele sozinho decide ou a Previ e o BB o fazem da mesma forma e também estão por trás dos altos pedidos de aumento?

Aliás, no que se refere ao aumento das tarifas públicas não é só a conta de luz que precisa ir para a berlinda.

Na verdade, o reajuste da conta de energia foi de 211% entre 2000 e 2008, já o da da Compesa, uma estatal não privatizada, subiu 367% e o preço do gás vendido pela Copergás, outra estatal pernambucana, subiu 410%.

Diante de uma realidade dessa natureza o discurso eleitoral tem um único objetivo: encobrir a cara dos verdadeiros responsáveis por tudo isso que aí está.