Por Rafael Carvalheira, especial para o Blog de Jamildo Ah, o futebol!

Capaz de desvendar os instintos mais podres do ser humano, de transportá-lo para o tempo das cavernas.

O futebol já foi.

O futebol não é mais.

Acabou a diversão.

O estádio é uma máquina anomalias.

São 90 minutos de tudo o que não presta.

Não basta vencer o oponente, é preciso aniquilá-lo, triturá-lo, matá-lo.

E não falo no sentido figurado.

Cansei de ver o êxtase de uma torcida enquanto a outra está debaixo dos cassetetes.

Quanta vibração!

Maior que a de um gol.

O jogo jogado vira um detalhe.

Não é um comportamento exclusivo dos, digamos, menos instruídos.

Ou nas cadeiras cativas só há componentes da “escória” social?

São doutores, sim, médicos, sim, professores, sim, jornalistas, sim.

Ricos em bens materiais, em inteligência acadêmica, e com famílias bens estruturadas.

Todos, das gerais aos camarotes, podres.

O árbitro, coitado, este já perdeu o respeito próprio há muito.

A não ser por vaidade exacerbada, status e sensação de poder, um sujeito se passar por isso!

Mãe, avó, tataravó e outras três gerações desmoralizadas às quartas e aos domingos. É isso, ninguém respeita ninguém.

Também, pudera.

Alguém que se permite frequentar um ambiente sem o menor conforto.

Disposto e levar sol e chuva.

Disposto a ser desmoralizado por bilheteiros e cambistas.

Disposto a levar uma mãozada, uma surra, um tiro.

Disposto a ter o carro completamente danificado ou apanhar dentro de um coletivo.

Que tipo de cidadão, hein!

E ainda carrega filhos e filhas a tiracolo.

Um teatro de preconceitos.

A mulher que traja a camisa rival, no estádio vira puta.

Seu marido, filho da puta.

O jogador, mercenário, interesseiro, uma máquina de fazer merda.

Não há respeito.

Repito, perdemos o respeito.

Impressionante.

Aí, o time vence.

Ninguém está interessado em exaltar as próprias glórias.

O bom mesmo é pisar nos derrotados.

Rasgar outras bandeiras, cuspir em outras camisas.

Os que não têm, promovem quebra-quebra nos ônibus e arrastões.

Os que tem, enchem a cara e, se por acaso cruzarem com um grupo “inimigo” no barzinho transado, o pau canta.

Não adianta ficar com raiva.

Sei que fazes parte desse espetáculo.

Agora está batendo um sentimento de vergonha e repúdio, né!?

Normal.

Mais um entre bilhões de torcedores no mundo inteiro.

O futebol não contribui.

Destrói.

Vamos, se permita pensar.

Abra mão da cegueira.

Reflita!

Refletiu?

Pronto.

Basta.

Quando é mesmo o próximo jogo do nosso time?

Ah! o futebol.