Por falar em campo, estou devendo umas linhas sobre o pano de fundo da visita de José Dirceu ao Recife.

O tema oficial do encontro era debater a questão Rural, no debate promovido pela Fetape.

A briga dos representantes do campo teria como objetivo pressionar o Partido dos Trabalhadores a inserir a questão com mais ênfase no programa de governo, com vistas às eleições de 2010.

O presidente da entidade, Aristides Santos, disse ao Blog de Jamildo, neste sábado, no evento, que Lula era igual a FHC neste setor. “Havia uma expetativa muito grande, mas a gente procura achar uma diferença e não tem”, afirmou. “Isto ocorre em função das alianças que Lula fez para governar”, acredita.

Confrontado com a opinião do sindicalista, o ex-ministro José Dirceu disse que era um exagero a observação.

No entanto, ele aquiesceu. “Hoje, a reforma grária que temos é mais um produto do MST (pela pressão) do que do governo” Aristides Santos gostaria de ver Lula viajando o mundo defendendo a reforma. “O Lula faz a defesa do etanol pelo mundo, mas não dá muitas palavras em defesa da reforma agrária”, compara.

A relação com o MST rendeu uma frase de efeito curiosa, vinda de um aliado do governo Federal. “O problema não é colocar o boné do MST, é o resultado concreto.

Não há um órgão eficiente (Incra) para cuidar da reforma.

Lula poderia até não colocar o boné, desde que cumprisse (as promessas).

No evento, Dirceu também justificou os supostos problemas no avanço da reforma agrária com a falta de verbas.

Ele disse que custa caro, pois há necessidade de não apenas desapropriar, mas colocar toda a infra. “O tema tem que ter uma participação ativa no programa do partido para 2010.

Eu agradeço a vocês que abriram meus olhos para este problema.

Não há nada mais importante do que água e alimentos”.

Dirceu também deu um toque sutil, ao falar da necessidade de elevar a produtividade no campo. “Precisamos dar um salto de qualidade, criando cooperativas e agroindústria.

Do contrário, volta para a subsistência e favela.

Para arrumar mais recursos, Dirceu defende a redução dos juros, que poderia liberar algo como R$ 60 a R$ 70 bilhões, hoje usados, segundo ele, para pagar a dívida pública.