Do El País Um tiro de rifle interrompeu nessa última noite (de manhã, na Espanha), o trabalho do padre espanhol Ludeña Amigo e Ramiro, 64, que estava envolvido no trabalho social com crianças e adolescentes em uma das regiões mais pobres do Brasil.
Ludeña foi morto depois de participar de um jantar na casa de uma amiga, enquanto conduzia seu carro na cidade de Recife, no Nordeste.
Um menino 15 anos preso na tarde hoje confessou o crime.
O padre estava no veículo do Movimento de Apoio aos Meninos de Rua (em português, Mamer), que havia fundado há 34 anos, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
Segundo o coordenador de ensino do Mamer, Fernando Sérgio Santana, o centro cuida de “crianças em situação de risco social “.
Os acolhidos pertencem a famílias com rendimentos inferiores a 130 euros.
Melhores amigos do padre garantem que o padre não tinha recebido ameaças. “Esta é a grande interrogação.
Ele era uma pessoa amada por todos, e não tinha inimigos”, acrescentou Santana em uma conversa telefônica com ELPAIS.com.
Segundo o testemunho de dois trabalhadores da ONG, que também estavam no veículo, eles deixavam a garagem quando um motoqueiro disparou com uma espingarda calibre 12.
Nada foi roubado.
O tiro atingiu-lhe no braço e depois perfurou o tórax.
Ludeña foi levado ao Hospital Português, mas não resistiu e morreu.
Um adolescente de 15 anos preso na tarde de hoje confessou ser o autor do homicídio, mas a polícia não informou os motivos para os jovens ter disparado contra o padre. “O padre desenvolveu um trabalho exemplar.
Era muito conhecido por todos”, disse ao EL PAÍS a detetive Sylvana Lellis, que identifica características de execução no crime.
Além de comandar a Mamer, que a cada semestre oferecia aulas de educação alimentar e tarefas administrativas para cerca de 180 crianças e adolescentes, o religioso realizava suas missas no município de Ribeirão. “Era quando usava a batina, geralmente no trabalho vestia-se com roupa normal”, diz Fernando Santana, o coordenador do Mamer.
Os amigos descreveram o padre como um homem tranquilo, mas “forte e determinado” quando o assunto era levar a ONG adiante.
De acordo com Santana, Ludeña não tinha parentes no Brasil, mas em Toledo, Espanha.
A sobrinha e um amigo vizinho de Toledo tomaram um vôo hoje para acompanhar o velório, que ocorre no Mamer. “Queremos esclarecer o que aconteceu com a maior brevidade possível.
Trata-se de uma pessoa conhecida aqui por seu importante trabalho com crianças de rua”, disse Antonio Polidura, o cônsul geral da Espanha em Salvador, na Bahia.
De acordo com o cônsul, Ludeña era natural de Pelahustán, uma cidade de Toledo.
Padre Ramiro, como era conhecido, tinha manifestado o desejo de ser sepultado no Brasil.
Prevê-se que o funeral será realizado amanhã à tarde na cidade de Jaboatão dos Guararapes, onde ele trabalhava.