No seu livro de memórias, Fernando Lyra diz que sempre relacionou-se muito bem com o senador José Sarney, mas, com Tancredo morto, na transição política, mudava tudo. “A sensação que eu tive que havia feito uma escolha minuciosa, que atendia a uma premonição política, um sonho, para viver um pesadelo. É necessário destacar, porém, que Sarney cumpriu todos os compromissos da minha pasta - Ministério da Justiça - assumidos por Tancredo.

Só depois é que, certamente pressionado por Ulysses, que se aproveitou da reforma ministerial, me alijou do ministerio”, escreve.

Lyra pondera qu era natural a sua queda de força politica, pois nunca fez parte do grupo que naquele momento para a frente iria comandar o país.

Não era vinculado politicamente ao presidente Sarney nem a Ulysses, que se tornou, com a morte de Tancredo, o vice-presidente da República. “Não tenho dúvidas de que doutor Ulysses se interessou muito mais pela minha saída do Ministério da Justiça do que o próprio presidente José Sarney”, diz. “Ulysses nunca me viu com bons olhos” Na publicação, ele acusa o ex-presidente da Câmara dos Deputados de dar um golpe com sua reeleição para evitar que ele saísse candidato a presidente pelo consenso de vários companheiros. “Isto aconteceu quando, ao deixar o ministério da Justiça e me eleger deputado federal novamente.

Sai candidato a presidete da Câmara.

O que fez Ulysses então?

Ele sabia que a Constituição proibia a reeleição naquela oportunidade, janeiro de 1987.

Mas, contrariand parecer, ele se reelegeu presidente da Câmara, acumulando a Constituinte.

Eu, que tinha quase 240 votos, fiquei, devido à manobra, reduzido a 151.

Isso foi possível porque o presidente Sarney assumiu a candidatura de doutor Ulysses e todos os 16 governadores eleitos pelo PMDB trabalharam contra mim.

Até mesmo o dr.

Miguel Arraes.”