Por Edilson Silva Uma polêmica se instalou na cidade em torno da presença ou não dos vendedores ambulantes na orla de Boa Viagem.

No apagar das luzes de seu segundo mandato consecutivo, o ex-prefeito João Paulo deixou uma determinação impopular para o seu sucessor, João da Costa: retirar aqueles trabalhadores da praia.

No entanto, ao tentar colocar a determinação em prática, a reação mostrou sua força e a prefeitura teve que recuar.

Não é de hoje que a prefeitura petista vem desenvolvendo uma política de “limpeza” dos espaços supostamente nobres da cidade, sempre priorizando os setores mais abastados em detrimento dos desafortunados.

Foi assim com os kombeiros, com os moradores de Brasília Teimosa e outras localidades, está sendo assim com os vendedores ambulantes da Terça-Negra, e está sendo assim agora com os ambulantes da orla.

Não é mera coincidência o ex-prefeito, também no apagar das luzes de seu segundo mandato, anunciar o Pólo de Gastronomia no segundo jardim da Avenida Boa Viagem.

Uma coisa tem tudo a ver com a outra, e pelo jeito esta peleja está só começando.

A prefeitura parece já ter um “modo petista” para lidar com estas questões.

Ela deixa a atividade se desenvolver de forma completamente anárquica, descontrolada, até saturar os setores formadores de opinião, e então faz a cirurgia para extirpar a “baderna”.

Não há por parte da prefeitura a intenção de regulamentar a atividade, discipliná-la, organizá-la, mas sim “limpar o terreno”, ou em melhor português, eliminar a concorrência dos amigos do poder. É lógico que o problema não se resume somente a liberar a área para os ambulantes ganharem o seu ganha-pão.

Esta linha de argumentação, somente ela, seria muito rasteira.

A orla é o espaço público de lazer mais democrático da cidade, recebendo todas as classes sociais nos fartos dias de sol do Recife. É um bairro da cidade, com moradores que também têm direitos e responsabilidades a serem observadas. É também um dos principais destinos turísticos da nossa cidade. É um espaço privilegiado para a geração de emprego e renda, que deve ser preservado e constantemente melhorado.

Como tal, deve haver por parte do poder público um cuidado especial com este patrimônio natural que serve à cidade de tão variadas formas.

O comércio ambulante deve ser permitido, mas disciplinado, com cadastramento e qualificação dos trabalhadores.

A resistência popular conseguiu vencer as intenções pouco nobres da prefeitura neste primeiro momento, mas esta voltará à carga assim que avaliar que tem força política para varrer os ambulantes.

Cabe a estes últimos agora mostrar que estão à altura do desafio e se auto-organizarem para colocar a opinião pública a seu favor.

Como?

Exigindo da prefeitura o que ela se nega a fazer: regulamentação e fiscalização para qualificar a atividade.

PS: Edilson é presidente do PSOL/PE e escreve para o Blog de Jamildo sempre às segundas.