Por Augusto Coutinho Entre os tantos depoimentos que ouvi na visita da bancada de oposição à Mata Norte, semana passada, o de uma médica obstetra do Hospital Regional de Goiana Belarmino Correia resumiu o estado da saúde no interior.

Segundo ela, muitos moradores dizem que a unidade não é um hospital, é uma “rodoviária”, de tanto que os pacientes são transferidos para o Recife.

Disse ela ainda que, diante das condições de trabalho atuais, encontra grande dificuldade para exercer sua profissão.

O que faz mesmo, como ela mesma definiu, é ambulancioterapia.

As ironias, tanto da população quanto da médica, mostram um quadro sério, um triste retrato da falta de gestão da saúde no estado, questão que há muito tem sido um dos pontos de maior preocupação para nossa bancada.

Tanto é que visitamos duas unidades de saúde – o hospital de Goiana e o Ermírio Coutinho, em Nazaré da Mata.

Apesar de localizados em municípios distintos, os problemas encontrados são semelhantes, acrescentando-se, porém, em cada caso, deficiências próprias.

Tanto em uma como em outra unidade, por exemplo, as crianças não podem nascer de parto cesariano.

Faltam anestesistas.

Os pacientes de Nazaré e de Goiana não conseguem realizar cirurgias eletivas.

Em Nazaré, além de várias enfermarias totalmente montadas que não atendiam a nenhum paciente, serviam de dormitório para os médicos e funcionários, a de número 04, o caso mais gritante, está sendo usada como depósito para equipamentos como televisores, computadores, ar-condicionado, impressoras.

Apesar de ter sido reinaugurada há mais de ano, a unidade não possui sequer CNPJ, impedindo-a de contar com repasses do SUS e deixando seus funcionários impossibilitados de receber produtividade.

Em Goiana, mesmo com as inúmeras transferências para o Recife, diversos pacientes esperavam por atendimento no corredor.

Esta realidade é preocupante sobretudo porque entra em choque direto com a política de saúde do governo, que anuncia como solução mágica a construção, até o ano que vem, de três hospitais na Região Metropolitana.

Que política é esta?

Um governo que não consegue, como mostram os casos relatados, resolver questões básicas como escalas de plantonistas e uma inscrição de CNPJ, vai poder gerir mais três grandes hospitais?

Será que não seria mais adequado administrar com eficiência as atuais unidades para evitar tantas transferências ao invés de construir outros hospitais?

Nos jornais de hoje, mais notícias reforçam nossa preocupação.

Segundo a Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (ADUSEPS), em média 40 pessoas esperam um leito de UTI nos hospitais estaduais de Pernambuco por dia.

E 15 morrem, todo dia, nessa espera.

Saúde não é questão de governo ou de oposição. É questão de estado.

Não se deve partidarizar a discussão.

Mas ela tem que ser encarada com firmeza, sem que se fique apresentando desculpas.

A crise da saúde em Pernambuco, infelizmente, está consolidada.

Por falta de gestão. É isto que mostra a realidade das emergências, dos corredores lotados, da medicina das ambulâncias.

Estamos aqui para contribuir.

PS: Augusto Coutinho (DEM) é deputado e líder da oposição na Assembléia Legislativa.

Escreve para o Blog de Jamildo às segundas.