Do Blog de Josias de Souza Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso fez um prognóstico alvissareiro para a candidata de Lula à sucessão presidencial.
FHC previu que Dilma Rousseff subirá nas pesquisas.
Estimou que ela fecha 2009 nas cercanias dos 20%.
E pode roçar os 30% nos primeiros meses de 2010. uma avaliação que coincide com a do Planalto.
Com uma diferença: Lula vê na taxa de 30% um piso para Dilma.
FHC enxerga no percentual um teto do petismo, que só Lula logrou ultrapassar.
Os presságios de FHC foram verbalizados num jantar que levou a nata do DEM à residência oficial do governador de São Paulo, José Serra.
O repasto começou por volta das 21h da última quinta-feira (12).
Estendeu-se até o início da madrugada de sexta (13).
O DEM reunira, em São Paulo, o seu Conselho Político.
Dezoito lideranças da tribo ‘demo’ trocaram idéias sobre a conjuntura política.
Depois, foram a Serra, para dividir suas impressões.
Organizado como uma espécie de beija-mão, o repasto converteu-se num inesperado jogo da verdade.
Serra, cotovelos acomodados sobre uma mesa retangular, se dispôs a ouvir –um por um— todos os ‘demos’ que roçavam garfos com ele.
Despejaram-se sobre a mesa as contas de um rosário de inquietudes.
Abaixo algumas delas: 1.
Falta ao linguajar de Serra, hoje o presidenciável tucano mais bem-posto nas pesquisas, um tônus oposicionista; 2. É equivocada a estratégia de delegar a outros líderes da oposição a tarefa de estabelecer o contraponto ao governo Lula.
O eleitor quer ouvir os candidatos; 3.
Serra e o governador mineiro Aécio Neves, o outro presidenciável tucano, deveriam frequentar o noticiário com a cara de candidatos à presidência; 4.
A suavidade do discurso da dupla favorece a candidatura oficial de Dilma Rousseff, que desfila sozinha na passarela que leva a 2010; 5.
Lula estaria conseguindo passar a idéia de que seu governo nada tem a ver com a crise, uma encrenca que vem de fora; 6.
Na visão dos ‘demos’, é certo que a crise nasceu nos EUA.
Mas rói o PIB brasileiro além do razoável graças à suposta “incúria” do presidente e de sua equipe; 7.
Eis o raciocínio que resume a opinião média dos ‘demos’: Da fase de bonança da economia mundial, o Brasil aproveitou uma parte.
Da tempestade desfruta por inteiro; 8.
Na seara política, disseram os ‘demos’, o PSDB tem de cuidar para que a refrega entre Serra e Aécio não descambe para a divisão; 9.
Avaliou-se que, unindo São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país, o tucanato vai a 2010 com alguma chance de êxito.
Do contrário, nem tanto.
Os demos que soaram mais enfáticos foram: Rodrigo Maia (presidente), José Agripino Maia (líder no Senado), José Roberto Arruda (governador do DF)… …Roberto Magalhães (deputado), José Carlos Aleluia (deputado), Roberto Brant (ex-deputado) e Luiz Carlos Santos (ex-coordenador político do governo FHC).
Coube a Luiz Carlos Santos construir a analogia mais impactante da noite.
Comparou o Serra-2010 ao Geraldo Alckmin-2008.
Disse que, na campanha municipal do ano passado, Alckmin, que entrara na disputa como favorito, foi à breca por falência de mensagem.
Não conseguiu encarnar nem o discurso de oposição, monopolizado pela petista Marta Suplicy, nem o de governo, que pingava dos lábios do ‘demo’ Gilberto Kassab.
Acrescentou que, para fugir ao vexame de Alckmin, Serra deve apressar-se em ocupar o campo da oposição.
Algo que não fará se continuar dando refresco a Lula.
Ao final, depois de ouvir calado às observações dos comensais, Serra serviu uma resposta que desagradou boa parte da audiência.
Disse que não é hora de fazer campanha.
Precisa governar São Paulo.
Na hora própria, vai ter o que apresentar nos palanques.
Como governador, tem de manter abertos os canais de comunicação institucional com o governo federal.
Quanto a Aécio, está disposto a fazer o que for necessário para deixá-lo em situação política confortável.
Também presente ao jantar, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) mencionou a idéia de acomodar Aécio como vice na chapa de Serra.
Hipótese que Aécio, por ora, rejeita.
O ex-deputado Roberto Brant lembrou que o movimento representado por Aécio é maior do que ele próprio.
Depois de oito anos de FHC e mais oito de Lula, o eleitor de Minas estaria de saco cheio das alternativas presidenciais construídas a partir de São Paulo.
Produziu-se no jantar uma mísera decisão: vai-se usar a propaganda partidária do PSDB, DEM e PPS para levar ao telespectador uma mensagem oposicionista uniforme.
Ventilada pelas lideranças do DEM, a idéia foi acatada por Serra e pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
No mais, ficou no ar a impressão de que tão cedo Serra não deve mergulhar na campanha de corpo inteiro.
Desagradou à maioria.
Mas convenceu a alguns. “Serra está certo”, concedeu José Carlos Aleluia (DEM-BA). “Precisa governar, par ter o que mostrar mais na frente…” “…A Dilma antecipa a campanha porque é louca.
Não entende nada de política.
Está sendo conduzida.
Ela não pára na cadeira.
O PAC está à deriva.
Na campanha, vai mostrar o quê?”