No Zerohora.com É interessante como em muitos episódios violentos e horrendos, quando a Igreja se pronuncia, ela sai como vilã da história, e os principais autores dos erros saem despercebidos, ou ao menos colocados em segundo plano. É o caso da menina de Pernambuco, que há três anos vinha sofrendo violência sexual por parte de seu padrasto, tendo sido por ele estuprada, do que resultou uma gravidez de gêmeos.
A mídia parece querer acentuar mais o pronunciamento de excomunhão do bispo dom José Cardoso Sobrinho do que os procedimentos de estupro e de aborto.
O bispo não excomungou ninguém, como foi noticiado.
Ele apenas esclareceu a doutrina da Igreja.
A excomunhão, para o caso do aborto, é automática para todos os que, com ciência e consciência, intervêm no processo abortivo, quer com a cooperação material ou colaboração moral verdadeiramente influente.
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em nota explicativa, repudia veementemente o ato insano de estupro do padrasto e pede a rigorosa apuração dos fatos, que o culpado seja devidamente punido, de acordo com a justiça.
E não concordou, evidentemente, com o desfecho final de eliminar a vida de seres humanos indefesos.
Porque a Igreja defende a vida desde a concepção até a sua morte natural, é tachada de retrógrada, fora de época e ultrapassada.
A Igreja entende que nem tudo o que é legal ou normal é justo ou moral, como a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia.
O que pode ser legal pela lei civil pode não ser ético pela lei de Deus, que determina no quinto mandamento: “Não matarás” (Ex. 20,13).
O aborto, além de ser uma monstruosidade maior que o estupro, causa um trauma adicional à mulher violentada.
A ideia do aborto como alívio para o estupro é uma falsidade que deveria ser banida dos livros de Direito Penal.
O argumento usado pelos abortistas é que a menina-mãe, por causa de sua tenra idade, não poderia levar até o fim a gravidez.
Julgou-se o aborto necessário para salvar a vida dela.
No caso, a menina não estava prestes a morrer nem o aborto se apresentava como a solução emergente.
Uma gravidez como a dela exigiria um acompanhamento adequado.
Um fato recente no Peru, de gravidez de uma menina de nove anos, em circunstâncias semelhantes, teve o desfecho do nascimento de um menino com 2,520 quilos e 47 centímetros.
No relativismo, tudo se justifica.
Até o mal, a morte de inocentes, se camufla de bem.
O absolutismo e as ideologias justificaram a morte de milhares de pessoas que não quiseram aderir a uma ideia política.
Os estudiosos do Direito deveriam dizer até onde se pode matar além da legítima defesa.
Já se justificou a morte dos “embriões humanos”.
O grupo pró-aborto segue sempre procurando brechas na legislação para matar os inocentes sem haver condenação.
Falta agora justificar oficialmente esse tipo de assassinato.
Diabólico, nisso tudo, é ver o mal como um bem e o bem como um mal.
PS: Gerson Schmidt é padre e jornalista