Por Sérgio Montenegro Filho, de Política / JC O governador de Minas Gerais e presidenciável do PSDB, Aécio Neves, inicia no Recife, na próxima segunda-feira, uma peregrinação pelo País em busca de respaldo à sua candidatura.
De olho na concorrência com o governador de São Paulo, José Serra, que já trabalha para ser indicado candidato pelo partido, Aécio traz na ponta da língua o discurso de união em torno de um projeto que diferencie o futuro candidato tucano. É com esse mote que ele tenta superar a vantagem de Serra, que, respaldado pelo favoritismo nas pesquisas, percorre o País e trabalha para evitar as prévias internas no PSDB para a escolha do candidato.
Aécio Neves é o último dos atuais presidenciáveis a partir em busca de apoio.
Além de Serra, a ministra Dilma Rousseff (PT) e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) já trabalham suas pré-candidaturas.
O governador mineiro vai centrar seu discurso em um alerta: independente de nomes, o PSDB deve se dedicar neste primeiro semestre a discutir um projeto diferenciado para o País. “O governo está se movimentando para 2010, e nós não podemos ficar atrás.
Devemos nos unir, e isso inclui José Serra, Sérgio Guerra e demais lideranças tucanas, para diferenciar nossas propostas das que estão sendo colocadas pelos governistas”, disse Aécio ao JC, ontem, por telefone.
Na programação do governador estão dois encontros com correligionários locais. Às 12h30, ele almoça na casa do presidente nacional tucano, senador Sérgio Guerra, com a bancada do PSDB pernambucano – dois deputados federais e sete estaduais.
E às 15h, faz uma palestra para prefeitos e lideranças tucanas, na sede do partido. “Vou conversar com os companheiros sobre o pós-lulismo.
Temos que incorporar bandeiras novas ao nosso discurso”, adiantou, citando como exemplos a melhoria na qualidade da gestão pública – terreno no qual acredita que o governo é vulnerável – e projetos inovadores para o desenvolvimento regional, além do aperfeiçoamento de programas como o Bolsa-Família, criando “portas de saída” para a população atendida. “O Bolsa-Família é bom e deve ser mantido, mas precisa de uma segunda etapa, com a reinserção das pessoas no mercado de trabalho”, disse.
O presidenciável tucano explicou ter escolhido Pernambuco como ponto de partida por avaliar que o Estado guarda semelhanças históricas com Minas Gerais. “Há uma ligação entre os dois Estados na construção da pátria.
E podemos, a partir deles, começar um projeto de reconstrução”, afirmou.
Além disso, o tucano citou a homenagem que, segundo ele, o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra prestará ao seu avô, Tancredo Neves, com o lançamento do livro Daquilo que sei - Tancredo e a transição democrática, ato do qual Aécio participará à noite, no Paço Alfândega, no Recife Antigo. “A redemocratização foi o maior projeto político dos últimos tempos, e envolveu muitos pernambucanos ilustres.
Tancredo sempre se referia a isso”, acrescentou.
Após o lançamento do livro, o presidenciável tucano deverá jantar com o governador Eduardo Campos (PSB) antes de retornar a Minas Gerais.