No livro Daquilo Que Eu Sei, escrito por Fernando Lyra, sobre Tancredo e a Transição Democrática, o ex-deputado Marcello Cerqueira, que funcionou como consultor jurídico do Ministério da Justiça e apresenta-se como crítico das ditaduras em geral, destaca o notável descortino e audácia política de Fernando Lyra ao sugerir o nome de Tancredo Neves para a Aliança Democrática, antes da fundação da tal Nova República.

Na sua avaliação, as articulações de Lyra, naquela época, cortaram o passo dos que apostavam na divisão do partido e procuravam uma saída “pela direita”.

A parte mais saborosa é a apresentação do reencontro de Miguel Arraes e Tancredo Neves.

O então deputado Fernando Lyra tomou a iniciativa de convencer Miguel Arraes a visitar Tancredo Neves no Palácio da Liberdade. “Tancredo Neves o espera como uma noiva aguarda o pretendente no altar”, diz o ex-assessor.

A manobra visava reconstruir a unidade do MDB (Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB da época).

Essa unidade havia sido desfeita no momento em que Tancredo disse que o seu MDB não era o de Arraes, logo depois do fim do bipartidarismo e no lançamento do PP, Partido Progressista.

Com mudanças na legislação eleitoral da época, o PP acabou refluindo para o PMDB e, sem o apoio de Arraes e do Cabo Lyra, Tancredo não teria o mesmo êxito na disputa do colégio eleitoral.