Na mesma obra, além de reconhecer a ousadia de Fernando Lyra em sugerir o nome de Tancredo Neves, para derrubar a ditadura no colégio eleitoral, depois da derrota da campanha das Diretas, o ex-chefe de gabinete dele no governo Sarney, Joaquim Falcão, ensaia uma pequena crítica ao ex-chefe, por conta da censura ao filme Je vou salue, marie.

Como se sabe, foi Sarney quem mandou censurar, a pedido da Igreja Católica, mas quem levou as bordoadas foi o pernambucano, que era contra a proibição. “O drama maior do político intuitivo, no entanto, é quando ele põe de lado a intuição que acredita em nome da racionalidade que duvida.

Nesse momento ele se abandona.

Deixa de ser.

Todo Fernando queria liberar o filme.

Foi o último momento do último dia.

Tentou o último argumento: a questão deveria ser discutida ano Judiciário.

Ai sim, nume democracia, proibição deixa de ser censura, e se assume legitimamente enquanto defesa de direitos de terceiros.

Em qualquer outro lugar, não.

Mas a igreja católica foi implacável e retrógrada pedra no caminho.

A conservadora hierarquia de Roma se apropriara e cobrava para si crédito que não era seu: o apoio da Teologia da Libertação para a democratização do pais.

E por razões de Estado, que a intuição ressentia, o filme foi censurado pelo Ministério da Justiça do angustiado ministro.

Mas, se a intuição foi contida, o futuro não.

Como tinha dito no Teatro Casa Grande, no Rio: censura nunca mais.

A partir de então nunca mais se censurou no país. Às vezes, perde-se, para poder ganhar”