Há um lugar em Pernambuco que os efeitos da crise econômica passam bem longe.

Depois de vender com facilidade as primeiras 67 casas do projeto imobiliário que está construindo na Reserva do Paiva, no Cabo, o pessoal da Odebrecht Empreendimentos Imobiliários neste momento já se prepara para lançar a segunda fase do projeto, com mais mansões e unidades habitacionais.

São 9 quilômetros de praia, o mesmo tamanho quase de Boa Viagem, totalmente inexplorados até aqui.

O projeto viário anda a passos largos e deve ficar pronto já em setembro.

O prazo oficial é até dezembro, mas pode ser entregue antes do tempo.

Não é para menos, uma vez que funciona em três turnos, com expediente até de madrugada.

O empreendimento significa empregos.

No pico da obra das casas, em abril e maio, serão 1,150 trabalhadores.

Hoje são cerca de 900.

Na construção da ponte, cerca de 550.

A maioria são oriundos do próprio Cabo, mas a realidade de mercado algumas vezes se impõe.

Marcelo Walter, diretor de Contrato da Odebrecht, conta a empresa foi obrigada a importar 32 carpinteiros de Delmiro Golveia, em Alagoas, para não atrapalhar o andamento das obras.

Com a economia aquecida, era difícil achar profissionais por aqui.

Com uma tecnologia bastante moderna, a ponte é construída de forma suspensa.

A cada semana são mais 20 metros.

Em julho, se tudo der certo, as duas pontas em cada margem do rio devem se encontrar, aprumadas de preferência.

Com quatro pistas, a via terá 6,2 quilômetros, unindo, depois da ponte, Barra de Jangada até Itapuama, no Cabo.

Na prática, será o fim da porteira que fechava o acesso à antiga fazenda.

De um lado da via, coqueiral.

Do outro, mangue preservado.

Também em ritmo bastante acelerados, as casas (com até 800 metros quadrados) serão entregues até março de 2010.

Na prática, elas vão representar um novo bairro, de luxo, formado por consumidores de alto padrão e bastante privilegiados.

Uma dos principais argumentos de vendas é a questão da segurança.

A ponte que está sendo construída sobre o rio Jaboatão será o único acesso para a reserva.

Quando os pedágios da nova via parque estiverem em funcionamento, também haverá pontos fixos da Polícia Militar na porta, ampliando a sensação de segurança.

Inicialmente, as casas iriam ser oferecidas para investidores europeus.

Com a crise financeira, o projeto foi redirecionado ao mercado local e nacional.

O diretor de construção Marcelo Walter conta que 80% dos investidores são pernambucanos. É gente que pode trocar bairros complicados pela violência e trânsito lento como Boa Viagem pela brisa do istmo do mar do Cabo.“Graças à Deus, não tem crise na nossa porta”, conta o diretor de Incorporação Ruy Gomes do Rego.

Com tantos pernambucanos comprando, quem se deu bem foi o arquiteto Acácio Gil Borsoi. É o mais procurado entre as trinta projetos de plantas, desenhadas por seis arquitetos.

Haverá até um hotel na pontinha da reserva, conhecida como Ilha do Amor, mas os detalhes não são divulgados por enquanto.

Trata-se de um empreendimento que deve durar cerca de 20 anos, segundo os diretores, sendo tocado em etapas.

Para não ter surpresas no cronograma, a construtora verticalizou o canteiro industrial de obras.

Até as pré-lages para o condomínio são feitas na própria área.

Um fato curioso ocorria no tempo da economia mais aquecida.

Fornecedora de aço, a Gerdau não estava encontrando tempo nem para cortar o aço na medida exigida pelas obras.

Para não sofrer com atrasos, a construtora não pensou duas vezes e implantou uma área de corte na própria obra. “Ficou tudo na boca do gol”, brinca o engenheiro Marcelo Walter.

A palavra por lá é uma só: produtividade.

João Cândido, que cuida da sementeiras, preparando as plantas que vão enfeitar o paisagismo do local, tinha como meta produzir cerca de 40 mil.

Já vai em 70 mil mudas.