Por Roberto Magalhães, no Jornal do Commercio desta quinta Os pernambucanos acompanham a história de Jarbas Vasconcelos desde o seu surgimento na vida política do nosso Estado, ainda na década de 60.
Nos anos que se seguiram e até os dias atuais, o militante corajoso e afirmativo expandiu suas fronteiras de atuação, exercendo mandatos em diferentes esferas federativas.
Foi deputado estadual, deputado federal, prefeito do Recife, governador do Estado e, atualmente, senador da República.
Não é surpresa para todos nós, amigos, correligionários e adversários, vê-lo crescer na confiança e no respeito da opinião pública nacional, ao denunciar o estado de desorganização, de inversão de valores e de decadência dos costumes políticos, de partidos e de instituições públicas, pela ação predatória de agentes políticos, burocratas, lobistas e congêneres.
Vale lembrar palavras de Jarbas em seu discurso, no Senado, em 3 de março de 2009: “O exercício da política não pode ser transformado em um balcão de negócios.
O que se vê hoje no nosso País é um sentimento de descrença, com a impunidade corroendo as bases da democracia.
O poder pelo poder leva ao quadro político degenerado que hoje vivemos em nosso País, no qual a esperteza é mais valorizada que a inteligência e a correção ética.” O senador identifica as distorções do modelo eleitoral como a matriz da quebra dos valores e da contaminação dos mandatos pela corrupção.
O financiamento privado e o voto em lista aberta são a porta larga para a compra de votos e o comprometimento do processo democrático.
A reforma política é, em seu juízo e no de políticos responsáveis, urgente e indispensável, a partir do financiamento público de campanhas eleitorais associado à fidelidade partidária.
Jarbas produziu um discurso sereno, lúcido e corajoso, ao catalogar alguns episódios como a recente luta travada entre o PMDB e o PT pelo controle do Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários da estatal Furnas Centrais Elétricas S.A.
Ele aponta, também, a elaboração e execução do Orçamento Geral da União como espaço para a degradação do exercício da política.
Condena a entrega de cargos de gestão financeira por indicação de partidos ou parlamentares, propondo lei que exija o exercício desses cargos por servidores de carreira, previamente aprovados pelo Senado.
Os casos ocorridos recentemente envolvendo representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, como a briga por fundos de pensões, a descoberta de mansão e castelo ocultos e o encontro do presidente com quase quatro mil prefeitos, em Brasília, para fazer campanha prematura da ministra-candidata, confirmam a urgência de se colocar freios à indevida utilização dos instrumentos de poder do Estado. É preciso despertar a indignação adormecida da sociedade se quisermos converter a incredulidade e passividade em ações concretas contra a corrupção.
Na edição nº 2.103 da Veja, de 11 de março, temos o anúncio de um novo fato indecoroso: a conhecida empresa internacional Kroll, que presta serviços de espionagem, teria contactado detetives em Pernambuco para investigar a vida do senador pernambucano e familiares, procedimento intolerável.
Já não há lugar para a omissão.
Mas é animador saber do apoio de brasileiros de várias regiões à reconstrução de um regime de moralidade administrativa e de ética política em nosso País, conforme registra a mídia nacional.
Jarbas Vasconcelos revela-se sintonizado com a melhor tradição pernambucana de não faltar ao País, quando necessário se faz levantar a voz e partir para a luta em defesa dos elevados interesses da Nação. » Roberto Magalhães, ex-governador de Pernambuco, é deputado federal (DEM)