No site da CNI Brasília - A forte queda do PIB no último trimestre de 2008, divulgada hoje pelo IBGE, explicita a intensidade dos impactos da crise econômica global sobre a economia brasileira e a urgência de se implementar medidas de combate a seus efeitos, afirmou nesta terça-feira o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.

A conjugação de inédita crise de crédito, a retração do comércio internacional, as perspectivas de prolongada recessão mundial e forte reversão de expectativas causaram a abrupta inflexão na trajetória de crescimento do PIB nacional, lembrou Monteiro Neto.

A retração de 3,6% (no dado ajustado sazonalmente, em comparação ao terceiro trimestre) é a maior da nova série histórica, disponível desde 1996.

O setor industrial foi duramente afetado, com queda de 7,4% na comparação com o terceiro trimestre, após o ajuste sazonal. “As dificuldades com o crédito e com as exportações levaram à suspensão parcial da produção em segmentos importantes da indústria, com reflexos nas cadeias produtivas e nas expectativas”, explicou o presidente da CNI.

O recuo é tão expressivo, ressaltou Monteiro Neto, que a variação frente ao mesmo trimestre de 2007 ficou negativa em 2,1% – quando o ritmo anterior (até setembro) encontrava-se próximo a 6% ao ano.

Do lado da demanda, o investimento foi mais duramente afetado, com recuo de 9,8% frente ao trimestre anterior (dessazonalizado).

O consumo das famílias também registrou queda expressiva (-2,0%), principalmente considerando-se que o rendimento das famílias não foi alterado. “São reflexos da falta de crédito e de expectativas deterioradas”, resumiu o representante da indústria.

De acordo com Monteiro Neto, os dados divulgados hoje mostram a necessidade de ações mais intensas e abrangentes para se evitar a instalação de um processo recessivo no Brasil. “É crucial aproveitar, na plenitude, o espaço que existe na política monetária e promover, no curto prazo, reduções de juros mais intensas”, advertiu. “Esse é o comportamento comum a todas as economias mundiais, nas quais o risco de recessão é muito superior ao risco de inflação”, complementou.

A política econômica tem de utilizar todos os instrumentos para minimizar os impactos da retração da atividade e criar as condições para a retomada, disse o presidente da CNI. “É urgente recuperar o crédito, em termos de volume e de custo, aos agentes domésticos e promover mecanismos de substituição das linhas externas às exportações, muito reduzidas com a crise financeira internacional”, afirmou Monteiro Neto.

Segundo ele, é especialmente necessário tornar efetivo um conjunto de medidas que, por dificuldades operacionais e/ou burocráticas, ainda não alcançam seus objetivos. “Da mesma forma, é imprescindível ampliar as medidas de desoneração do investimento, variável fundamental para a construção da recuperação”, concluiu Armando Monteiro Neto.