Com Agência Estado A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo telefônico do delegado Protógenes Queiroz, mentor da operação Satiagraha, investigação contra Daniel Dantas, do Grupo Opportunity.

A PF quer identificar chamadas e mensagens feitas e recebidas por Protógenes durante período de cinco meses, entre julho e novembro de 2008.

Ele é o alvo maior do inquérito da Corregedoria da PF que corre sob segredo de Justiça.

O inquérito apura os supostos abusos do delegado que prendeu Dantas duas vezes, no auge da Satiagraha.

O acesso aos contatos reservados do delegado é o passo final da PF no cerco que realiza a Protógenes.

O rastreamento pedido à Justiça Federal abrange todas as suas linhas fixas e móveis.

A PF atribui a Protógenes procedimentos como a quebra de sigilo funcional, emprego ilegal de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e monitoramento clandestino de autoridades, políticos, advogados e jornalistas, como revelou reportagem exclusiva publicada na edição de VEJA desta semana.

Dados apurados pela PF mostram que podem ter caído na malha fina de Protógenes o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o ministro Geddel Vieira (Integração Nacional), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o ex-ministro José Dirceu, o secretário particular do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, entre outros.

A Corregedoria da PF quer mapear os contatos de Protógenes para saber com quem ele se comunicou na véspera da operação.

O caso - VEJA teve acesso à íntegra de um material apreendido pela Polícia Federal que prova que o delegado Protógenes Queiroz centralizava o trabalho de uma imensa rede de espionagem que bisbilhotou secretamente desde a vida amorosa da ministra Dilma Rousseff até a ante-sala do presidente Lula, no Palácio do Planalto.

O conteúdo estava em um computador apreendido na casa de Protógenes.

Nos documentos há relatórios que levantam suspeitas graves sobre autoridades - tudo produzido e guardado à margem da lei.

O material clandestino - 63 fotografias, 932 arquivos de áudio, 26 arquivos de vídeo e 439 documentos em texto - foi apreendido em novembro do ano passado pela Polícia Federal e estava armazenado em um computador portátil e em um pendrive guardado no apartamento do delegado no Rio de Janeiro.

O resultado final deve ser anunciado até o fim de março, mas pelo que já se encontrou nos arquivos pessoais de Protógenes não resta mais qualquer sombra de dúvida sobre a extensão de suas ações ilícitas.