No blog de Josias A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), não foi a única a receber um telefonema do ministro Gilmar Mendes.

O presidente do STF tocou o telefone também para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

A ligação ocorreu há dois dias.

Gilmar recomendou a Eduardo Campos que não meça esforços na mobilização do aparato policial do Estado contra as ações violentas do MST.

O governador mostrou-se receptivo.

Mas ponderou que a resolução da encrenca fundiária depende menos dele e mais da União, responsável pela reforma agrária.

Deu-se no agreste pernambucano, há 15 dias, o episódio que levara o presidente do Supremo a incluir a refrega agrária e o MST no seu rol de preocupações.

O conflito começou em bate-boca e terminou em morte.

Um grupo de sem-terra do MST passou nas armas quatro seguranças de uma fazenda.

Foi legítima defesa, alegou a direção do MST.

Uma linha de defesa que nem Lula, normalmente brando com os sem-terra, se animou a comprar.

Num instante em que a cena do crime ainda cheirava a pólvora, Jaime Amorim, mandachuva do MST em Pernambuco, fez inconvenientes disparos verbais. “O que matamos não foram pessoas comuns”, disse Amorim. “Eles foram contratados para matar, eram pistoleiros violentos”.

A movimentação de Gilmar é atípica para um magistrado.

Normalmente, juízes costumam falar nos autos.

Com o atual presidente do Supremo dá-se coisa diversa.

Ana Júlia e Eduardo Campos têm em comum, além da simpatia pelo MST, o fato de pertencerem a partidos sócios do consórcio que gravita em torno de Lula.

O mesmo Lula que, durante a semana, travara com Gilmar Mendes, por meio dos jornais, um inusitado duelo verbal.