Excomungados pela Igreja podem ser perdoados Do Blog de Antônio Magalhães Dom Hélder vive.
E continua a liderar a esquerda católica de Pernambuco.
Metaforicamente, é claro.
Porque o arcebispo emérito de Olinda e Recife, que completa em 2009 os 100 anos do seu nascimento, morreu em 1999.
Mas, se vivo fosse, sua postura em relação a questões sociais, como o caso do aborto legal praticado por médicos na garota de 9 anos, grávida de gêmos depois de estuprada pelo padrasto, poderia ser no máximo de silêncio, um silêncio piedoso.
E só.
Seguiria a orientação das leis canônicas sob pena de ser excomungado caso não respeitasse os termos legais da Igreja.
O Catecismo da Igreja Católica, documento do papado de João Paulo II, diz no seu parágrafo 2272 – A cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave.
A Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana. “Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae” “pelo próprio fato de cometer o delito” e nas condições previstas pelo Direito.
Com isso a Igreja não quer restringir o campo da misericórdia.
Manifesta, sim, a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente morto, a seus pais e a toda sociedade.
O Código de Direito Canônico, outro basilar da Igreja Católica Apostólica Romana, aponta no seu parágrafo 1398 - Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae.
Como se vê a excomunhão é automática, independente de quem esteja no comando da Igreja, mas pode ser perdoada pelo Papa ou pelo Bispo se houver arrependimento, dizem as autoridades religiosas.
Mas a inabilidade de Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, substituto de Dom Hélder, não tem limites.O religioso atrai problemas para si com grande facilidade.
E sempre sai desgastado.
Antes de Dom José, o último arcebispo a ter problemas com a polícia foi Dom Hélder, em defesa dos perseguidos pelo regime militar.
Dom José já compareceu numa delegacia para depor sobre um conflito envolvendo um padre e uma suposta namorada.
Dom José não mede a sua autoridade.
A cada questão polêmica ele se desgasta mais.
Vai deixar a Arquidiocese, por conta da aposentadoria, com a fama de inábil, encrenqueiro, e de quem tentou acabar com a igrejinha de Dom Hélder.
Em tempo: a cirurgia abortiva na garota de 9 anos atendeu aos requisitos legais previstos na Constituição Federal.
Não é preciso lembrar que essa discussão sobre a excomunhão é só para os católicos.
O Estado Brasileiro é laico, segue a Carta Magna de 1988.
Portanto, a dimensão tomada por esse fato na imprensa revela um arcaísmo social grande, ainda do tempo em que a Igreja Católica era dona do corpo e da alma dos brasileiros.