Polêmica Prefeitura do Recife é criticada por liberar Carnaval em Boa Viagem e vetar Parada Gay O defile do bloco Camburão no domingo, 01 de março, reacendeu a polêmica sobre a liberação da avenida Boa Viagem, no bairro do mesmo nome, para a relização de eventos.

As organizações de defesa dos homossexuais de Pernambuco acusam a Prefeitura do Recife de homofobia por liberar Carnaval e vetar a Parada Gay de 2008.

O Camburão reúne policiais e bombeiros que trabalharam durante o Carnaval e fez a avenida Boa Viagem ser ocupada por uma multidão estimada em cerca de 200 mil pessoas animadas por vários trios elétricos. “Isso mostra que, para alguns, a avenida está aberta, para outros não” ressaltou o vice-presidente da ONG Leões do Norte, Luciano Freitas.

O diretor do Instituto PAPAI (Pesquisa, Ação Politica, Assessoria e Informação em Gênero e Masculinidade), Thiago Rocha, conta que as negociações com a Prefeitura do Recife para a realização da Parada Gay na avenida Boa Viagem sempre foram marcadas pela resistência pública em liberar o espaço para o evento. “Eles alegam que alguns prédios só têm saída para a avenida Boa Viagem.

Que argumento é esse ?

Realmente é uma questão homofóbica.

A gente fica indigado o fato da nossa ação política que, na verdade, não é só um bloco de Carnaval como o Camburão, não poder passar naquele trecho da avenida” ressalta Rocha.

A prefeitura alegou, em 2008, numa reunião com os representantes do Fórum GLBT de Pernambuco, do qual fazem parte a ONG Leões do Norte e o Instituto PAPAI, entre outras entidades, que as obras no calçadão inviabilizavam a realização da Parada Gay no local.

Os representantes das organizações disseram ainda que a prefeitura disse não querer “comprar briga” com a Associação dos Moradores liberando a Parada.

O arquiteto Zezinho Santos é morador da avenida Boa Viagem e se diz indignado com o fato da prefeitura consultar as pessoas sobre a Parada Gay e não consultar sobre outros eventos. “Aquele grupinho de religiosos que todo ano passa aí na frente causa transtorno e causa barulho do mesmo jeito.

Não sei se são evangélicos, não quero nem saber o que são.

Agora, se um pode por que não o outro?” questiona Santos.

Em 2008, a Parada do Orgulho Gay do Recife, reuniu 40 mil pessoas.

A empresária Maria do Céu apoiou o evento e participou do desfile em seu trio da boate Metrópole.

Ela não concorda com a postura da Prefeitura do Recife de liberar certos grupos e vetar a Parada Gay. “Um bloco que arrasta 200 mil pode e a Parada que tem 40 mil não pode.

Por que?

A Parada já mostrou que o índice de violência é zero, nem ninguém fica fazendo sexo na rua.

Não acontece nada dessas coisas que fica na cabeça de quem não conhece o universo gay” ressalta a empresária.

As entidades apontam o tratamento desigual dado pela Prefeitura aos gays como a principal causa da polêmica sobre a realização de eventos na avenida. “Times de futebol comemoram seus títulos na avenida.

Tem caminha pela paz também.

Nós fazemos uma caminha pelo respeito e pela paz também” lembra Luciano Freitas, daONG Leões do Norte. “É a homofobia tomando conta da avenida Boa Viagem.

Quando vejo, vários e vários eventos, trios elétricos, então eu penso: por que a Parada Gay não pode passarpelo ponto da visibilidade?

Se tem um lugar que tem uma visibilidade grande é aquele trecho” ressalta a empresária Maria do Céu. da Redação do Toda Forma de Amor