Por Carla Seixas, de Economia O varejo da Região Metropolitana do Recife (RMR) pode estar demonstrando um certo temor com relação aos possíveis efeitos da crise.
Um sinal sentido pelo Sindicato dos Comerciários do Recife é uma leve aceleração nas demissões no setor agora em fevereiro.
Responsável por homologar as rescisões contratuais, o sindicato somou 1.141 desligamentos nos 28 dias do mês, contra 924 do mesmo período do ano passado.
A diferença – pequena em números absolutos, mas com um certo peso percentualmente – foi 23,4% superior a 2008.
Outra constatação do sindicato é com relação a permanência dos temporários de final de ano, estimada este ano em apenas 3% dos 12.000 contratados, contra 10% do Natal anterior.
O número de desligamentos em fevereiro também foi superior ao mês de janeiro, ficando 5,8% acima.
O presidente do sindicato da categoria, Severino Ramos, prefere não remeter todas as demissões a possível queda nas vendas por conta da crise, mas a uma provável sazonalidade de movimento, o que alterou um pouco os números.
A aceleração de pedidos de desligamentos foi sentido principalmente a partir do dia 10 de fevereiro. “Acredito que esse número ainda não é totalmente ligado a crise.
Mas ficamos temerosos de agora em diante – com a passagem do Carnaval – para os meses de março e abril”, diz ele. É que muitos pontos comerciais terminam mantendo um certo movimento com a chegada dos festejos de Momo e adiando possíveis cortes para depois da folia.
Questionado se a Páscoa poderia reverter esse quadro e manter as vagas, o sindicalista argumenta que a movimentação, de fato, pode auxiliar, mas que termina ficando mais pontual na área de alimentos. “As vendas de vestuário, por exemplo, até podem ocorrer por conta daqueles que viajam no feriado da Semana Santa, mas não são tão grandes.
Tem o estímulo do presente, mas é focado mais no chocolate”, diz Ramos.
A expectativa é o segmento continuar mantendo o fluxo de vendas com promoções, realizadas já pela maioria dos grandes shoppings, por exemplo, algo que têm auxiliando no resultado das vendas.
Oficialmente, nem shoppings nem o varejo em geral oficializam quedas consideráveis nas vendas.
Apenas admitem que alguns períodos, como o último Natal, por exemplo, tiveram crescimento menor do que o projetado inicialmente, mas ainda com saldo positivo de vendas.
Como fator positivo, Ramos ressalta a recente tendência de queda de juros, algo que pode ajudar no aquecimento das vendas.
Em janeiro passado, a taxa básica de juros (Selic) passou de 13,75% para 12,75% ao ano. “Outro fator que pode afastar Pernambuco dos efeitos da crise é o Complexo Portuário de Suape gerando renda.
Tem muita gente investindo lá”, ressalta Severino Ramos.