O secretário estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Pernambuco, Roldão Joaquim, caracterizou o estupro e a gravidez de uma menina de 9 anos em Alagoinha (a 230 km de Recife), supostamente cometido pelo padrasto dela, como uma “selvageria” que precisa ser punida.

Em entrevista o secretário afirmou não ter conhecimento detalhado sobre o caso, já que seguia em direção a São Joaquim do Monte (PE) –município onde sem terras foram presos suspeitos de matar quatro seguranças de uma fazenda–, mas se disse perplexo com o caso. “Eu não imaginava que alguém fosse possível de cometer algo como isso.

Por isso, nós vamos redobrar os esforços para que o suspeito continue preso e pague pela selvageria”, disse Joaquim.

Segundo informações da Promotoria e o Conselho Tutelar da cidade à reportagem, exames comprovaram que a menina está grávida de gêmeos.

O suspeito mantinha relações sexuais com a garota há cerca de três anos. “Ontem [QUINTA-FEIRA], quando ele foi pego, mais de 300 pessoas tentaram linchá-lo quando ele chegou na delegacia.

Tentaram até pagar a polícia para matá-lo”, disse o conselheiro Cláudio Roberto, do Conselho Tutelar de Alagoinha.

O crime veio à tona nesta quarta-feira (25) após um exame médico a que a garota foi submetida no município de Pesqueira.

Ela foi atendida após relatar queixas de tonturas e enjoos. “Barbárie” Em entrevista Rodrigo Pellegrino, secretário-executivo de Justiça e Direitos Humanos da pasta, disse que o papel da secretaria é prestar segurança à família caso ela venha a sofrer algum tipo de ameaça. “A pedofilia deve ser combatida de forma contundente e estruturalmente, mas nesse caso, especificamente, tem uma natureza mais cruel.

Isso se trata de uma situação de bárbarie, de bestialidade.

O caso choca o povo de Pernambuco”, disse Pellegrino.

Para a advogada Gabriela Amazonas, do Centro Dom Helder Camara, ONG que trabalha principalmente com o processo de responsabilização do agressor e acompanhamento da vítima, a possibilidade do aborto legal deve ser considerada pela família “É um caso gravíssimo, mas não é a primeira vez.

No centro temos um caso bastante parecido com uma criança de dez anos.

Com ela não foi possível fazer o aborto, mas eu acredito que nesse caso os médicos que a atendem devem trabalhar com essa possibilidade”, disse.

Segundo ela, o tipo de caso mais comum de abuso infantil em Pernambuco ocorre no âmbito familiar, geralmente com crianças pequenas. “Quando ouvimos um adolescente relatando o abuso, descobrimos que isso ocorria desde que ele era pequeno”, afirma Amazonas.

Para ela, é preciso que a polícia investigue também a conivência da família com o abuso, comum nesse tipo de caso.