Da Veja A crise financeira mundial - que teve origem nos Estados Unidos, contaminou outros países, derrubou mercados, colocou grandes economias em recessão e estatizou bancos - já atinge os programas de ajuda financeira de nações ricas para aquelas em desenvolvimento.

Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) classifica como crítico o nível das doações feitas pelos países ricos e os convoca para aumentar essa ajuda.

Apesar dos doadores terem se comprometido a elevar a ajuda em 50 bilhões de dólares (cerca de 117 bilhões de reais) até 2010, em relação a 2004, o estudo da OCDE constatou que ainda faltam 30 bilhões de dólares (cerca de 70 bilhões de reais) para a atingir a meta.

O relatório foi divulgado pouco antes de a Irlanda anunciar um corte de 95 milhões de euros (aproximadamente 278 milhões de reais ) no seu programa de assistência.

Antes, a Itália tinha feito o mesmo.

Uma significativa parte desses recursos financia projetos das organizações não-governamentais (ONGs) em vários países.

O Brasil, que já foi prioridade das nações doadoras, vem sofrendo uma redução de destinação desses recursos desde que a economia brasileira passou a dar sinais positivos.

Segundo o relatório, o Brasil deverá registrar uma queda de 25% no período 2005-2010 em termos de ajuda recebida, apesar de a América do Sul crescer 18% nas estimativas para esse mesmo período.

Desculpa - Na opinião do diretor executivo da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), José Antônio Moroni, essa retração de financiamento é uma questão antiga e tem origem no questionamento de políticos e setores da sociedade de alguns países do hemisfério norte sobre a ajuda ao desenvolvimento com base no argumento de que eles também têm problemas sociais que não foram resolvidos, além de um “certo preconceito”.

Para ele, “a crise esta servindo apenas como um argumento a mais neste debate”.