CONFLITO AGRÁRIO Ministro manda investigar chacina em Pernambuco Três dias após a morte de quatro seguranças de uma fazenda em São Joaquim do Monte, no Agreste, durante conflito com sem-terra, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, determinou que a Ouvidoria Agrária Nacional apure o caso e faça um relato ao governo federal.

De acordo com ele, “nada justifica a violência”.

Mesmo com a determinação do ministro, o clima permanece tenso na cidade.

Policiais militares estão na área para evitar novas mortes.

Ontem, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) divulgou fotos dos seguranças feitas que teriam sido feitas minutos antes da chacina.

As vítimas, que aparecem nas imagens com armas nas mãos, teriam voltado ao acampamento para pegar as fotos quando terminaram sendo assassinadas.

A expectativa dos sem-terra é que representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cheguem à área hoje.

De acordo com o coordenador estadual do movimento, Jaime Amorim, a ida de técnicos ajudará a acalmar os ânimos na região. “O pessoal do acampamento está mobilizado caso aconteça novo problema.

Mas acredito que a tendência agora é que o clima melhore”, avaliou.

Segundo ele, as imagens mostram que os sem-terra foram ameaçados e agiram em legítima defesa. “Vamos aguardar a posição do Incra e da Justiça.

Já nos reunimos com os advogados do movimento e depois disso iremos dar entrada no pedido de relaxamento da prisão”, afirmou Amorim, referindo-se às prisões de Paulo Alves Cursino, 62 anos, e Aluciano dos Santos, 31, acusados do crime.

Autuados em flagrante, os dois já estão no Presídio de Caruaru, também no Agreste.

Dois dias antes do crime, integrantes do MST foram despejados do local.

Os sem-terra prometeram voltar e exigiam nova medição da área da fazenda que, segundo documentos do Incra, tem 240 hectares.

Os trabalhadores afirmam que o espaço mede 800 hectares.

No último dia 19, foi dado ao dono da fazenda a reintegração de posse do imóvel.

Os mortos no conflito foram João Arnaldo da Silva, 40, José Wedson da Silva, 20, Rafael Erasmo da Silva, 20, e Wagner Luís da Silva, 25, seguranças da Fazenda Jaboticaba.

No momento do crime, eles estavam na Fazenda São José, do mesmo proprietário, onde pretendiam pegar as fotografias.

MST diz que seguranças mortos eram pistoleiros