Por Augusto Coutinho O carnaval de Pernambuco sempre foi democrático.

Acontece nas ruas, sem cordão de isolamento, sem abadás milionários, sem qualquer tipo de distinção social.

Os pernambucanos brincam misturados em uma multidão colorida e anônima.

Na rua.

Sempre foi também uma folia diversificada, múltipla, que se espalha por todo o interior.

Até um tempo atrás, no entanto, os festejos que não faziam parte do eixo Recife-Olinda, eram praticamente desconhecidos.

Salvo um ou outro maracatu.

Pernambuco e o Brasil começaram a redescobrir a riqueza escondida no agreste, no sertão, na mata a partir de um trabalho de valorização, resgate e divulgação das mais diversas manifestações realizado durante governos anteriores.

A partir disso, papangus de Bezerros, caretas de Triunfo, maracatus de Nazaré e Aliança, começaram a ser reconhecidos além das fronteiras de suas regiões.

Chegaram ao litoral, ganharam espaço e força, consolidando-se como outros diferenciais do nosso carnaval.

São vários carnavais em um só.

Período onde renovação e saudosismo se encontram.

Só mesmo em Pernambuco, terra da multiplicidade.

O carnaval tem mesmo esta magia.

A de revelar e de reviver.

Só mesmo esta nuance para trazer de volta o brilho de um local que hoje renasce apenas na folia de Momo: o Recife Antigo Voltando um pouco mais no tempo, o que se via no velho bairro onde a cidade nasceu era abandono e criminalidade.

Nesta época, carnaval de rua só acontecia em Olinda.

No Recife, apenas o Galo da Madrugada e alguns pequenos blocos.

Foi na gestão de Jarbas, nos anos 90, à frente da prefeitura que o bairro do Recife ressurgiu, através de um projeto que o transformou em um dos maiores pólos de diversão do Nordeste.

O Recife Antigo, como até hoje é conhecido, ganhou vida e trouxe de volta para as ruas da cidade o carnaval.

Este que está aí.

A reboque desta revitalização, voltaram os blocos de antigamente, as troças mistas, agora chamadas líricas.

O frevo, seja o de bloco, o de rua, ou o frevo canção, ganhou nova força.

Não é demais lembrar que tudo isso quase desapareceu na década anterior.

Pois bem, carnaval é a época propícia para a saudade.

Aqui está a minha: o Recife Antigo, que durante o ano inteiro era o local de encontro dos recifenses.

Amanhã, logo após o último acorde do derradeiro bloco, as ruas centenárias do velho bairro voltam ao ostracismo ao qual foi entregue pelo governo do PT.

Um banho de vida para o Recife Antigo, hoje, amanhã e além da quarta-feira de cinzas.

Que o frevo não seja nossa única lembrança do bairro.

Deputado Augusto Coutinho Líder da Oposição