Por Terezinha Nunes, em pronunciamento na tribuna Há poucos dias estivemos nessa tribuna para anunciar a chegada da crise econômica a Pernambuco com o desemprego em massa na região do São Francisco que não conseguiu comercializar grande parte da produção de uvas sem sementes destinadas à exportação.
De lá para cá, infelizmente, o problema tem se agravado.
Primeiro foi a Petrobrás que anunciou o adiamento da inauguração prevista para 2010 da Refinaria Abreu e Lima.
Até agora, é preciso ressaltar, a Petrobrás não foi clara sobre como se dará a desaceleração do projeto da Refinaria.
O que temos recebido são notícias preocupantes sobre as condições impostas pela PDVSA (Petróleos da Venezuela S.A) para fazer a parceria com a Petrobrás em torno do projeto, gerando ainda mais indefinições.
Este final de semana foi a vez do secretário Djalmo Leão se referir à queda da arrecadação de Pernambuco.
Em janeiro de 2009, a arrecadação do ICMS apresentou uma elevação de apenas 8,9%, estando bem abaixo do incremento apresentado em janeiro de 2008 (17%).
Esse percentual está bem distante da meta prevista pelo governo do estado para o ano, que espera uma expansão no recolhimento de 11%.
Hoje os jornais estampam o aprofundamento da questão.
Está no Jornal do Commércio que a GM adiou mais uma vez o cronograma do centro logístico de distribuição de veículos que será construindo em Suape.
Inicialmente a inauguração era prevista para acontecer em novembro de 2008, tendo sido adiada para o início desse ano e agora para o segundo trimestre.
O mesmo jornal anuncia que a balança comercial do estado começou a ser afetada e o setor eletrometalmecânico está produzindo desempregados diariamente, já tendo sido demitidos mais de mil trabalhadores.
Pernambuco, em janeiro, apresentou um saldo negativo na sua balança comercial de US$35 milhões.
A crise atingiu grandes empresas como a Baterias Moura, com uma queda de 87% nas suas exportações, e a Alcoa Alumínios que amargou uma queda de 76,97% nas exportações e colocou à venda sua unidade em Igarassu.
Empresas como a Simisa Metalúrgica e a Formaline Indústria de Laminados também apresentaram uma forte redução em suas atividades tendo, respectivamente, uma queda de 78% e 26% em suas exportações.
Parte do déficit foi impulsionado pela queda nas importações.
Para se ter uma idéia, empresa italiana M&G Polímeros sozinha representou, em janeiro de 2008, 25% das importações no estado, com uma cifra de US$53 milhões.
Em janeiro desse ano a M&G importou US$ 25 milhões representando uma queda de mais de 50% em suas importações.
O impacto da crise já se reflete no Índice de Confiança da Indústria de Pernambuco que, em janeiro desse ano, ficou 13,8% mais baixo do que o registrado em outubro do ano passado. É o menor desde que começou a ser calculado, em abril de 2005.
Enquanto isso não temos notícia de uma ação mais objetiva do Governo do Estado para reduzir o impacto da crise, contrariamente a outros estados.
Na semana passada, o governador José Serra tomou a dianteira anunciando um pacote de 17 ações para o estímulo à atividade econômica no Estado que, somadas com as outras 33 adotadas no período da crise, totalizam 50 medidas para o enfrentamento da crise financeira.
As medidas adotadas têm como objetivo antecipar compras e obras programadas para ocorrer ao longo do ano para o primeiro quadrimestre e incentivar os investimentos privados.
Entre elas, se inclui a suspensão do ICMS na aquisição de insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à exportação, apoiando os investimentos e as empresas exportadoras.
Também há medidas para as micro e pequenas empresas, como facilidade de acesso ao crédito e compras prioritárias pelo Estado de produtos desse setor.
Tudo para manter as vagas criadas em 2008 e gerar novos empregos. É o estado “cumprindo a sua obrigação” diante de uma crise que ainda não se sabe o seu real tamanho e a dimensão dos impactos na perda de riqueza.