Por Giovanni Sandes, no JC Sem demanda suficiente para desovar seu estoque, a antiga Petroflex (a companhia mudou de marca na última segunda-feira) aproveitou o Carnaval para dar férias coletivas aos 152 funcionários da fábrica local, no Cabo de Santo Agostinho.
Eles retornarão ao trabalho apenas no dia 2 de março.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Borracha em Pernambuco (Sindborracha), desde novembro a unidade pernambucana da companhia não consegue compradores para toda a produção mensal, que gira em torno de 9 mil toneladas de elastômeros.
Desde o início da semana, a Petroflex chama-se Lanxess Elastômeros do Brasil e se tornou uma subsidiária integral da Lanxess, sediada na Alemanha.
A companhia emprega cerca de 900 pessoas em suas plantas brasileiras, em São Paulo e Porto Feliz (SP), Duque de Caxias (RJ), São Leopoldo (RS), Triunfo (RS) e no Cabo de Santo Agostinho.
No mês passado, segundo o Sindborracha, a empresa cortou 80 dos 150 terceirizados.
Conforme divulgou ontem o JC, a antiga Petroflex registrou em janeiro uma queda de 71% nas exportações a partir de Pernambuco, comparando com o mesmo mês de 2008.
Isso significa uma retração de US$ 6,5 milhões (R$ 15,5 milhões, na cotação de ontem) para US$ 1,9 milhão (R$ 4,4 milhões). “Não acho preocupante, porque o setor automotivo volta a produzir.
Quanto aos números, 2008 é que foi um ano atípico, com vendas acima da média.
Agora, não é normal eles darem férias coletivas nesse período.
Faz pelo menos quatro anos que isso não acontece”, diz o presidente do Sindborracha, Geraldo Soares.
No último dia 30, a multinacional anunciou o seu “pacote global para conter a crise”, chamado de Challenge 09 (“desafio 2009”), “a fim de mitigar os efeitos da fraca demanda mundial e fortalecer a posição do grupo de especialidades químicas.” O comunicado faz menção aos trabalhadores alemães e lista medidas como redução de jornada de trabalho para 35 horas com a correspondente diminuição dos salários, “a princípio por 12 meses” contados a partir de março, cancelamento do bônus anual em 2009 e ajustes nos salários do primeiro escalão.
Procurada, a Lanxess preferiu não se pronunciar.