*…a longevidade é um dos primeiros elementos da força.

Um ama e teme apenas aquilo que vai existir por muito tempo. *– A.T Por Renato Lima, no Café Colombo A propósito da entronização no poder de Hugo Chávez, destaco uma passagem de Democracia na América, de Alexis de Toqueville.

Como se sabe, o coronel Chávez está há dez anos na presidência da Venezuela (país que ele já mudou o nome, bandeira e até de fuso horário!) e acha pouco.

Chegou a fazer um referendo pedindo a reeleição indefinida, o que foi reprovado nas urnas.

Sem aceitar o resultado, mobilizou todo o Estado venezuelano, funcionários públicos e beneficiários de programas sociais, para, no domingo passado, fazer valer a sua vontade.

Como disse um votante na proposta contrária a isso, os venezuelanos poderão votar, mas não eleger (o mandatário do País não aceita outro resultado).

Bem, vamos ao bom francês e seu livro de 1840.

No capítulo 8, do primeiro livro, ele aborda as diferenças entre o poder executivo da monarquia constitucional francesa e da república americana.

Tocqueville vê o presidente americano com pouco poder, senhor de apenas 6.000 soldados e com poucas funções (graças à descentralização administrativa).

Isso é ruim?

De maneira alguma.

Isso é uma das prerrogativas democráticas do País, o que faz que mesmo um presidente sem apoio majoritário no Congresso pudesse governar.

E, mesmo aquele com amplo apoio, ter que dividir o poder com o Congresso, que analisa seus atos e aprova ou não os nomes indicados. “No exercício do poder executivo, propriamente falando, o ponto em que sua posição se aproxima mais com o do rei da França, o presidente tem ainda muitas causas de inferioridade.

O poder do rei da França tem, primeiro, a vantagem da longevidade, ao contrário do presidente.

Pois a longevidade é um dos primeiros elementos da força.

Um ama e teme apenas aquilo que vai existir por muito tempo.

O presidente dos Estados Unidos é um magistrado eleito por quatro anos.

O rei da França é hereditário.

No exercício do poder executivo, o presidente dos Estados Unidos está continuamente sob uma zelosa supervisão.

Ele prepara tratados, mas não os aprova; ele designa funcionários para postos, mas não os nomeia.

O rei da França é senhor absoluto na esfera do poder executivo.” PS: Hugo Chávez se parece mais com o presidente ou com o Rei?