Do Blog de Josias de Souza Os arquivos do TSE informam que há no Brasil 27 partidos políticos regularmente constituídos. À primeira vista, um espanto!

A realidade, porém, empurra o país para uma quadra política dicotômica.

A despeito das quase três dezenas de legendas, vive-se um bipartidarismo de fato.

Nas últimas quatro eleições presidenciais, o que se viu foi uma disputa praticamente monopolizada por dois partidos: PSDB e PT.

O tucanato prevaleceu duas vezes com FHC.

O petismo, sempre com Lula, triunfou primeiro sobre Serra e depois sobre Alckmin.

Em 2010, vai-se para uma espécie de tira-teima com cara de ‘déjà vu’.

Sem Lula, o PT fabrica Dilma.

O PSDB oscila entre Serra e Aécio.

Somando-se os dois mandatos de FHC e o par de gestões de Lula, chega-se a um período de 16 anos.

Com mais quatro anos de PT ou de PSDB, o bipartidarismo à brasileira fará aniversário de 20 anos em 2014.

E não há no horizonte sinais de que a coisa vá se alterar.

Pelo menos nas eleições nacionais, tudo parece conspirar a favor dessa polaridade.

Chega-se, então, à pergunta fatídica: o duopólio que converteu o PSDB e o PT em provedores exclusivos de presidenciáveis é bom para o Brasil?

Ao fixar-se nas opções oferecidas pelas duas legendas, o eleitor brasileiro parece responder que sim, o bipartidarismo de fato seria bom.

PSDB e PT lograram fixar na cabeça do eleitorado a idéia de que são as únicas legendas que dispõem de projetos de país.

FHC, com o Real, domou a inflação.

E foi premiado com dois mandatos.

Lula adicionou à estabilidade econômica uma malha de proteção social.

E também foi premiado.

Tudo leva a crer que a peleja de 2010 vai girar ao redor da plataforma da continuidade.

Bom para o PT.

Ruim para o PSDB, que ainda não conseguiu responder à pergunta do samba de Noel: ‘Mas com que roupa?’ De resto, a rivalidade tucano-petista proporciona avanços e retrocessos.

Avança-se porque já não parece haver espaço para um franco-atirador como Collor.

Retrocede-se porque, no poder, PT e PSDB igualam-se na perversão da baixa política.

Convivem e até estimulam o fisiologismo e o clientelismo.

Sob FHC e sob Lula, petistas e tucanos chafurdaram no arcaísmo.

Para sobreviver, legendas como PMDB, DEM e um imenso etc. engancharam-se aos projetos alheios.

Diz-se que a rendição dialética à imoralidade é inevitável.

Sem ela, nenhum presidente obteria suficiente apoio no Congresso para governar. É nesse tilintar de verbas e cargos que a profusão de partidos emerge como problema.

Quanto mais partidos há, maior é o balcão, eis o drama do bipartidarismo à brasileira.