Wilfred Gadêlha, na página de Inter do JC de hoje O ataque à advogada pernambucana tem um inegável viés de xenofobia e foi perpetrado por suíços que engrossam o cordão dos insatisfeitos que apelam para a violência na tentativa de explicar suas ideologias distorcidas.

O crescimento da onda neofascista na Europa não é uma exclusividade da Suíça, um pequeno país encravado na fronteira entre França, Alemanha, Itália e Áustria e que optou por não fazer parte da União Europeia.

O bloco de 27 países está no centro da discussão da possível motivação para um crime injustificável como o de que foi vítima Paula Oliveira.

No domingo, a Suíça realizou um referendo em que foi colocado em votação o fechamento de suas fronteiras aos trabalhadores da UE.

Um acordo de 2002 permitiu que 200 mil pessoas trabalhassem no país.

Foi justamente esse acordo que foi posto à prova no domingo.

Cerca de 57% dos suíços se manifestaram a favor da manutenção da decisão.

Apenas quatro dos 26 cantões – divisão político-geográfica que equivale aos Estados brasileiros – disseram não à continuidade do acordo com a União Europeia.

Entre os derrotados, o SVP, agremiação de direita que fez campanha agressiva contra o acesso de trabalhadores de outros países ao mercado suíço, e cuja sigla foi marcada a estilete no corpo de Paula Oliveira.

A agressividade se traduz em imagens que caracterizam os imigrantes como ovelhas negras sendo enxotadas para fora do território suíço.

A onda racista-xenófoba da Europa tem reflexos que caminham no limiar da liberdade de expressão e invariavelmente viram episódios de destaque nas páginas policiais da imprensa mundo afora.

Em fevereiro de 2008, pelo menos nove pessoas morreram em um incêndio criminoso, provocado por neonazistas, em um prédio residencial que servia de abrigo a imigrantes, na cidade alemã de Ludwighafen.

As vítimas?

Todos turcos, o maior grupo étnico da Alemanha.

Vale ainda lembrar as cada vez mais restritas regras de imigração em países como Itália, Alemanha e Espanha.

Em um país de primeiro mundo como a Suíça, xenofobia e racismo são difíceis de explicar.

Dono de uma renda per capita de US$ 39.800 e ocupando a sétima colocação no ranking de Desenvolvimento Humano, elaborado pelas Nações Unidas, o país tem uma taxa de desemprego de 3,1%.

Diante de uma crise econômica que não deixa imune nem mesmo o cofre do mundo (como é conhecida a Suíça, por causa de suas conhecidas instituições bancárias), a culpa pelas dificuldades é sempre dos estrangeiros.