Por Augusto Coutinho A democracia não se consolida sem oposição.

Não há regime democrático no mundo que possa abdicar do contraditório.

Aliás, nem algumas ditaduras, como a brasileira pós 64 que, em busca de uma aparência de legitimidade, sempre tolerou a existência de uma oposição consentida.

Mesmo que em diversas vezes a tenha silenciado através dos Atos Institucionais.

Pois bem, em Pernambuco existe oposição.

Não uma oposição ao estado, dentro da linha “é do governo?

Sou contra”, aquela que o PT seguiu em sua trajetória até chegar ao poder.

Talvez por isso seja tão difícil para os antigos oposicionistas de Pernambuco admitirem que existe verdade fora dos seus partidos.

Isso é inconseqüência e um forte sintoma que explica porque os atuais governistas, muitas vezes, no calor dos debates, não toleram a crítica.

O atual governo recebeu um estado preparado e equilibrado, mas, muitas vezes, em sua retórica publicitária quer dizer que inventou a roda.

Recebeu uma herança bendita com obras estruturais consolidadas, infra-estrutura e um ousado programa de incentivos fiscais que tornou Pernambuco competitivo e em condições de atrair novos e grandes investimentos.

Isso é fato.

Mas a oposição não vai olhar para trás.

O que queremos é fiscalizar o presente.

Para isso fomos eleitos.

A oposição está atenta ao que se ouve nas ruas.

O parlamento, poder representativo por excelência, é a instância política de controle das ações do executivo.

Por outro lado, este controle também deve ser exercido pela sociedade.

Por isso, a oposição não vai atuar apenas dentro das paredes do Palácio Joaquim Nabuco.

Antes, quer ouvir o eco das inquietações dos pernambucanos.

Embora o atual governo insista na idéia de que vivemos um novo tempo, cheio de maravilhas, o que acontece nos hospitais públicos, nas ruas violentas das nossas cidades, é bem diferente do paraíso que a atual gestão insiste em pintar.

Será que um paciente que procura as emergências do estado está satisfeito?

Será que quem convive de perto com o medo da violência já pode sentir os efeitos da pequena redução no número de homicídios que o governo tanto exalta?

Uma vida salva é motivo, sim, de comemoração.

Mas os mais de 9.000 assassinatos que aconteceram em Pernambuco nos dois últimos anos mostram que ainda temos muitos motivos para nos preocupar, e que o governo ainda não encontrou as respostas que prometeu e disse que tinha.

Nas próximas semanas, a bancada de oposição da Alepe vai lançar uma ouvidoria, mais um canal entre os nossos deputados e a sociedade.

O objetivo é trazer para dentro do debate aquilo que a população sente, vive e deseja para o seu Estado.

População e parlamento devem andar juntos.

Queremos ouvir e estreitar ainda mais nosso contato com os pernambucanos.

Deputado do DEM e Líder da Oposição na AL