Deputados de oposição e da bancada governista acabam de travar um caloroso debate, em plenário.

O mote foi dado pela deputada Terezinha Nunes, que criticou o fato de os bancos brasileiros serem os que mais lucram em todo mundo, conforme pesquisa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

O deputado Maviel Cavalcanti bateu pesado no governo Lula em debate acirrado sobre o nível dos juros no Brasil. “O presidente, inteligente como é, tinha que pensar numa forma de conseguir recursos para a campanha política e essa forma é a transferência de milhões para os bancos”, afirmou Maviael.

Nesta quarta-feira, a ministra e candidata do PT à sucessão de Lula, Dilma, disse que a questão preocupa o governo e que ele deve agir.

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A deputada Isabel Cristina tentou contestar as críticas, chegando a afirmar, em tom de ironia, que a população não se interessa por “spread”, só quem entende de economia e alegou que Terezinha Nunes estava indo na contramão de todos ao criticar Lula.

A parlamentar tucana rebateu. “Acredito que a deputada não entendeu meu pronunciamento.

O spread tem a ver com o bolso de todos nós, principalmente os pobres, que pagam inúmeros impostos.

Quanto a ir na contramão, eu irei sempre que necessário, pois vou sempre a favor de meus princípios”.

Os deputados Augusto César e Geraldo Coelho reconheceram o problema, o primeiro alegando que é preciso discutir o assunto; o segundo, afirmando que é uma questão recente e mundial. “Quem acompanhou a história recente do país sabe que o PT sempre acusou os banqueiros de ganharem demais e FHC de trabalhar para os bancos.

Agora, caiu a máscara do PT”, declarou Terezinha.

Segundo o levantamento do IEDI, o chamado “spread bancário” (a diferença entre os juros captados e os cobrados pelos bancos) é onze vezes superior aos dos países desenvolvidos, em torno de 34,88 pontos percentuais. “Para se ter uma idéia, nos Estados Unidos o spread é de 3,13 pontos percentuais; o da Alemanha, 2,09 pontos percentuais; até mesmo os vizinhos Argentina e Paraguai possuem diferença bem menor, 7,85 e 19,38 pontos percentuais.

Com isso, cidadãos e empresas sofrem com os créditos a juros altos, impeditivos para negócios”, ressaltou.

Terezinha lembrou que o governo FHC manteve uma política de juros altos porque era necessário, para estabilizar a economia do país e acabar com a inflação. “Mas a economia foi estabilizada, o país entrou em fase de crescimento, com maior crédito e liquidez internacional e Lula não tomou as medidas cabíveis para a redução efetiva dos juros bancários, agora eles subiram mais ainda, os prazos encurtaram e os bancos passaram a exigir mais garantias para conceder novos empréstimos”, criticou.