O economista tucano Walter Barelli, ex-ministro do Trabalho, está preocupado com o possível aumento do desemprego em todo o país, alertando que já há cerca de 9 milhões de desempregados, segundo cálculos baseados em cruzamento de dados federais e estaduais.

Ele tem dito que o governo vem divulgando a queda nas vagas de trabalho com base apenas em dados, “equivocados”, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que é um indicador do que acontece somente no mercado formal.

QUATRO PACs Para o deputado Paulo Renato (SP), também economista, o país só tem um caminho a trilhar, neste momento: “aumentar os investimentos públicos e baixar os juros”, devendo o Banco Central exigir que a rede bancária empreste dinheiro a “taxas razoáveis”.

Paulo Renato disse que embora a legislação trabalhista esteja ultrapassada e precise ser revista, não convém reformá-la agora, “pois efeitos para enfrentar a crise virão de ações de curto prazo, enquanto a reforma visa o longoprazo”.

Walter Barelli alerta que o desemprego tende a crescer. “Poderá ser uma crise violenta ou não, dependendo das respostas que venham a ser dadas pelos empregadores e pelo governo.

Até agora, o próprio mercado está reagindo com acordos entre empregadores e trabalhadores.” Para aquecer o mercado de trabalho, segundo Barelli, o governo teria que implementar o equivalente a quatro PACs (Programa de Aceleração do Crescimento).

Ele observa que até agora a crise só atingiu com intensidade o setor industrial, “mas a queda da safra será uma situação séria no setor agrícola em todo o Brasil”.

Segundo Barelli, “nos seis anos desse governo, a única política de emprego oficial que houve, foi o Primeiro Emprego, programa que o governo abandonou por sua ineficácia, pois não conseguia empregar ninguém”.

Ele analisa que o aumento de emprego no país, experimentado nesse meio tempo foi devido ao crescimento mundial e à ação normal do mercado de trabalho, “e não do governo, que não incentivou nenhum tipo de atividade especial para que houvesse mais emprego”.

O ex-ministro do Trabalho sugere que o governo comece a pensar com urgência numa política de emprego, além de uma política para os desempregados, por meio do seguro-desemprego. “Neste momento, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que financia até o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tem que passar a ser utilizado preferencialmente na geração de empregos e ser entregue ao desempregado, para ele sobreviver até voltar ao mercado, porque é dinheiro que pertence ao trabalhador.” De acordo com Barelli, “o melhor que o Congresso Nacional pode fazer na conjuntura atual é acompanhar de perto o que os sindicatos estão fazendo, porque eles é que têm a representação dos trabalhadores”.

Segundo Barelli, os parlamentares podem ajudar a corrigir eventuais problemas que os sindicatos estão encontrando nas negociações com os patrões.

Além disso, “o Parlamento precisa se concentrar na questão do preço mínimo, importantíssimo para a agricultura, e do crédito agrícola, que são mecanismos de sustentação da atividade do campo”.

Outra questão básica para se minimizar o desemprego, levantada pelo economista, é a transparência no uso de dinheiro público pelos bancos. “O governo não deve emprestar dinheiro para empresas que fazem grandes transferências de recursos para seus dirigentes”, advertiu, explicando que, no Brasil, não se sabe quanto ganha um grande executivo e quais são os salários indiretos que ele recebe. “Temos que estabelecer que quem recebe recurso público deve ter uma maneira de mostrar com transparência como ele vai usar esse recursos.