Por Evandro Silveira Neto Desde o pedido de concordata do Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008 até os dias atuais, se vão considerações indeléveis.

Citei esta data, pois, a História, apesar de não mais seguir os “factualismos” de sua fase marxista, tende fortemente a se apegar em datas para promover reflexões temporais mais consistentes.

Não obstante, a data supracitada marca o início do colapso global que se abateu sobre o mundo capitalista.

De lá para cá, a volatilidade das bolsas de valores mundo a fora sempre gerou grande tensão nos países centrais e periféricos.

Pouco a pouco, a escassez de crédito tomou conta do setor financeiro e, por conseguinte, levou a uma queda drástica na produção industrial mundial.

Os dados sobre tal fenômeno são dos mais variados.

Nações como Reino Unido, Alemanha e Japão mostram sinais recessivos.

Os EUA, epicentro da crise global (desencadeado pela crise do subprime ou hipoteca de risco), enfrenta um dos piores períodos econômicos de sua história, chegando alguns estudiosos a afirmarem que se aproxima e muito dos tempos negros pós-1929.

Enfim, traçar uma única linha de estudo sobre a repercussão da crise capitalista atual é um tanto ingênuo.

Desta feita, este artigo versará sobre o Buy American (uma das cláusulas descritas no mais recente pacote anti-crise norte-americano).

Em tradução livre, Buy American significa: compre produtos americanos.

Todavia, a tradução livre desta cláusula não esclarece o que viria a ser este ponto, em específico, da mais nova emenda anti-crise anunciado pelo Executivo ianque.

Com efeito, o Buy American suscita dúvidas sobre seu teor protecionista, por determinar que somente aço, ferro e manufaturados produzidos nos EUA sejam usados em projetos de incentivo econômico anunciados pelo Tesouro daquele país. À reboque da cláusula Buy American, a União Européia, através de seu embaixador em Washington, John Bruton, foi veemente em criticar este suposto protecionismo.

O Canadá também se manifestou através de sua embaixada, aludindo que tal medida abre um precedente perigoso nas relações comerciais globais.

Sendo assim, se faz de suma importância tecer algumas reflexões sobre tal medida e os impactos desta num mundo globalizado.

Para tanto, outra necessidade premente é lançar uma luz sobre a fundação do Partido Democrata americano e em que contexto o mesmo surgiu, para assim, fazermos um link com o presente e entendermos suas ações e conseqüências.

O Partido Democrata, fundado ainda no século XIX, por Andrew Jackson, foi e é, uma das maiores forças políticas dos EUA.

Notadamente um partido sulista, possuía em sua época de fundação, uma ideologia conservadora.

Sua base representativa, constava, sobretudo, latifundiários confederados.

Estes, em sua grande maioria, divergiam fortemente dos nortistas republicanos (antiescravistas), por defenderem uma legislação escravista e agro-protecionista.

De certo, muito do velho partido se manteve nos dias atuais.

A classe latifundiária ianque, via de regra, é filiada ao Partido Democrata.

Por tanto, aos olhos dos historiadores e estudiosos políticos, não é de se estranhar o envio da cláusula Buy American para apreciação dos congressistas.

Muito provavelmente, salvo por fortes pressões internacionais, esta cláusula anti-crise deve ser aprovada.

O clima de esperança, quase messiânico, que aportou nos EUA pós-20 de janeiro, em virtude da posse de Obama, é um forte componente para a aprovação do Buy American.

Em se confirmar tal cenário, países periféricos como o Brasil (grandes exportadores) podem sofrer ainda mais com a redução da demanda internacional anunciada pelos últimos balancetes.

Sobretudo em os EUA serem nosso principal parceiro comercial em vários setores como evidencia a tabela abaixo do Ministério do Desenvolvimento: A bancada legislativa pernambucana, estadual e federal, tem o dever cívico de pressionar o Governo do Estado e o Itamaraty, por maiores esclarecimentos e ações de pressão contra a medida protecionista norte-americana.

Pois, do contrário, as medidas anunciadas pela gestão Obama pode ser responsável por uma drástica baixa na balança comercial brasileira como os dados acima evidenciam.