“Agradeço a presença de todos que compareceram a esta solenidade, vindo a prestigiá-la.

Cumprimento todos os magistrados presentes na pessoa do Exmo.Desembargador Presidente Jovaldo Nunes Gomes.

Aos membos do Ministério Público cumprimento-os na pessoa do procurador Fernando Araújo.

Aos advogados faço o cumprimento na pessoa do nosso Presidente Jayme Asfora.

Minhas Senhoras, meus Senhores: Permitam-me chamar a todos por amigos.

Amigos porque ao dizer de Saint Exupery, de alguma forma, aqui ou alhures, mas em algum lugar de nossas vidas, guardei comigo um pouco de cada um dos Senhores.

De uns mais, de outros menos, mas todos necessários ao que hoje represento, ao meu próprio eu.

Passo, a partir de hoje, a integrar esta Corte em um momento de claras mudanças sociais e políticas.

No campo social, não há negar, o País vive uma distribuição de riquezas na classe dos menos favorecidos, inobstante a imensa desigualdade social que transcende as nossas existências.

O nosso Pernambuco adentrou em glorioso momento de sua história econômica e empresarial, que levará a um incremento na qualidade de vida do nosso povo, cuja auto-estima se resgata a olhos vistos e onde a certeza de que chegou a nossa vez não se dissipará no tempo.

Para mim, portanto, não nos é dado o direito de não contribuir naquilo que nos for possível fazer, sob pena de incorrermos em crime de lesa pátria.

E é nesse toar que começo por reafirmar minha lealdade para com o nosso Estado, para comigo mesmo e aos meus próprios princípios, pois só assim poderei ser leal a esta Corte e ao honroso cargo em que ora sou investido.

Reafirmo também o desejo por mudanças.

Mudanças no Judiciário Estadual, Presidente Jovaldo, com o seu fortalecimento, o afastamento dos maus juízes e a efetivação da sempre esperada celeridade processual.

Mas, enquanto não funcionarmos nos dois turnos, juízes relegarem o exercício da magistratura a um segundo plano, se recusarem a cumprir o expediente e a atender satisfatoriamente os advogados, por mais que seja o esforço de V.Exa., da mesa diretora do Tribunal e de tantos outros magistradores que se empenham por essas mudanças, ficará difícil sairmos da incômoda posição recentemente apontada pelo Conselho Nacional de Justiça.

Mudanças na OAB, Presidente Jayme, onde muitos de nós que pugnam pelo fim da reeleição para os cargos de Presidente, Governador, Prefeito, e bradam pela representatividade das minorias no parlamento são os mesmos que se contrapõem ao fim da reeleição na nossa Ordem e que não aceitam sequer a representação das mesmíssimas minorias em nossos próprios Conselhos.

Precisamos, aqui, nos unir contra essa excrescência, e empunharmos nacionalmente a bandeira da mudança também na Casa do advogado, levando, sob o comando do nosso presidente nacional Cezar Britto, um democrata e transformador por natureza, o tema à discussão.

Mudanças na política, meus caros amigos, onde a sociedade já não mais agüenta ver os atentados contra a cidadania serem tramados nas portas dos palácios e, já agora, castelos.

Vivenciamos tempos estranhos.

A falta de escrúpulos está levando a sociedade, perplexa, a um fosso moral e ético.

De um lado, pessoas de bem, que acreditam que podem mudar o País.

De outro, sempre buscando as teias intestinas do poder, uma turba que se apossa como um câncer das riquezas da Nação.

E essa Corte Eleitoral, que traz em seu bojo essencialmente a política, entendida esta como a arte do bem servir, não há de fazer, como não faz,ouvidos moucos aos anseios da população.

De uma população que não mais assiste inerte assaltos aos cofres públicos.

Que já não suporta os estelionatos eleitorais.

Que não mais agüenta candidato ficha-suja.

Sei de nossas limitações enquanto julgadores, onde não basta apenas a nossa vontade e onde a lei é o nosso limite.

Mas os exemplos reconfortantes dados por esta Corte e pelo TSE contribuirão para um novo modo de se fazer política em nosso Brasil.

E é reafirmando a independência no julgar, sem contemporizações, que analisarei os fatos tais como se apresentarão, e com base na lei, e somente nela, haverei de me posicionar, sabedor que sou que o bom julgador é aquele que não se deixa influenciar por aspectos extra-autos.

E aqui entro na imparcialidade.

Jamais aceitaria este encargo de Desembargador Eleitoral se me prestasse a servir a poderes constituídos ou não.

A Situação ou Oposição.

Os meus anos de militância na OAB, onde sempre busquei o bom combate, atestam minha insurgência contra aqueles que pretenderam submeter a Instituição a um ou outro.

E assim continuarei a agir.

Lá e aqui.

Creio que é hora de encerrar essas brevíssimas palavras, já que defensor da celeridade não me permito retardar o início, pela Corte, da sessão de julgamentos.Mas não sem antes agradecer.

Agradecer a V.Exa., Presidente Jovaldo, pela maneira sempre afetuosa a que a mim se dirige, e pelo incentivo conjunto com vários Desembargadores do nosso honrado Tribunal de Justiça, no sentido de que aceitasse representar a classe dos advogados nesta Augusta Corte.

Agradecer aos amigos de primeira hora João Campos, Ademar Rigueira, Márcio Alves, Eduardo Pugliesi, Bruno Ariosto, Gustavo Paes, Lourenço Oliveira e Rogério Favreto, pelo empenho para que aqui chegasse.

Agradecer, pela confiança em mim depositada, ao Governador Eduardo Campos, Ministro José Múcio, Deputados Maurício Rands e Armando Monteiro Neto, e ao ex-Prefeito João Paulo, os quais, embora pouco me conhecendo, referendaram meu nome junto ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva, ainda que conscientes de que aqui poderei julgar contra eventuais interesses seus.

Agradeço a todos os amigos presentes, aos quais reafirmo que da nossa honrada e prestimosa profissão de advogado jamais me afastarei.

Ao contrário.

Além da minha atuação no Conselho Federal da OAB serei, aqui, um seu guardião.

Finalmente, agradeço ao reconfortável apoio dos meus pais, irmãos, colegas de Escritório, a minha esposa Flávia, a Henrique e André, meus filhos e razão de tudo, que desde cedo aprenderam que a vida sempre nos apresenta dois caminhos, onde o certo será sempre o da Justiça.

Muito obrigado!”